A formaçao do homem

"O que um homem pode ser, ele tem de ser" A. MASLOW



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O panóptismo: um mecanismo disciplinar e de segurança para o exercício de poder em Michel Foucault


Introdução
O presente trabalho é um breve estudo sobre o pensamento de Foucault no que tange O panóptismo: um mecanismo disciplinar e de segurança para o exercício de poder, que no pensamento do autor é uma maquina diabólica que não poupa a ninguém.
Todos os comentários que aqui fazemos são pessoais e se fundamentam no próprio autor em suas duas obras que discute profundamente essa questão: Vigia e Punir e Microfísica do Poder.
 Como análise filosófica, impus-me, a fidelidade à expressão e ao conteúdo do pensamento do autor, espero não ferir a lógica do filósofo e espero também, que este esforço seja bem aceite, embora seja eu o primeiro a me sentir insatisfeito. Após feita a análise do texto apresentamos as nossas críticas e tentamos por os autores em discussão.
Para a realização deste trabalho, o método foi o de análise de conteúdo e tentamos embora sem sucesso uma revisão bibliográfica, fomos ao encontro do pensamento do autor através das obras originais não visitamos nenhum comentários dos manuais para fundamentar a ideia, pela dificuldade e carência dos mesmos, nos parece que muitos organizadores dos manuais temem este campo de investigação filosófica.
Temos como objectivo fundamental aprofundar a pesquisa no módulo de Problemas específicos de Ética e Política Contemporânea, e concretamente queremos entender funcionamento da sociedade seus mecanismos de ordem, suas subtis estruturas de poder e disciplinamento.
Para alcançar os objectivos preconizados vamos seguir o seguinte percurso primeiro apresentamos a definição dos conceitos chaves, de seguida analisamos os assuntos chaves dos dois textos indicando sempre as referências, e por fim a breve conclusão e as respectivas referências bibliográficas dos textos estudados.

 
1.      Definição de conceitos
Para podermos entender ao pensamento de Foucault urge que antes de mais nada nos atemos em definir os conceitos chaves que serão abordados no trabalho, tentamos definir como o autor entende e tentámos encontrar termos acessíveis do cotidiano.

1.1 Panótico: foi um livro editado por Jeremy Bentham no final do século XVIII mas permaneceu desconhecido e foi descoberto por Focault, nos seus estudos sobre as origens da medicina clínica, particularmente sobre a arquitetura hospitalar na segunda metade do séc. XVIII ao buscar entender como o olhar do médico havia se institucionalizado, como uma invenção particular se impôs a toda uma sociedade.
Deixando de lado essas raízes arqueológicas, o Panótico “é uma tecnologia de poder apropriada para resolver os problema de vigilância (…) que permite exercer muito facilmente o poder”,[1] ele foi amplamente utilizado depois do final do século XVIII, e no seculo XIX e XX com os regimes de caracter ditatorial com o Nazismo,  Fascismo, Estalinismo e no nosso contexto no nosso passado recente no Moçambique comunista. E hoje as tecnologias de comunicação e informação reproduzem o mesmo esquema em seus vastos programas e tecnologia de contacto entre as pessoas subtilmente somos todos vigiados, por quem? não sabemos.
Uma definição clara podemos encontrar em Vigiar e Punir “o Panótico é uma maquina de dissociar o par ver-ser visto: no anel periférico, e se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto”.[2]
Portanto o panótico seria uma visão ou controle total, mas quem vê encontra-se só uma posição estratégica que não permite que seja visto, o que lhe permite exercer seu poder disciplinar sobre todo o resto.

1.2 Peste: termo que Foucault usa em Vigia e Punir[3] para designar desordem indisciplina, caos ausência de ordem lei:
“houve em torno da peste uma ficção literária da festa: as leis suspensas, os interditos levantados, o frenesi do tempo que passa, os corpos se misturando sem respeito, os indivíduos que se desmascaram, que abandonam sua identidade estatuária e a figura sob a qual eram reconhecidos, deixando aparecer uma verdade totalmente diversa. Mas houve também um sonho político da peste que era exatamente o contrário: não a festa colectiva, mas divisões estritas: não as leis transgredidas, mas a penetração do regulamento até nos mais finos detalhes da existência e por meio de uma hierarquia completa realiza o funcionamento capilar do poder; não as máscaras que se colocam e se retiram mas a determinação de a cada um o seu ‘verdadeiro’ nome, de seu ‘verdadeiro’ lugar, de seu ‘verdadeiro’ corpo e da verdadeira doença. A peste como forma real, ao mesmo tempo, imaginária da desordem tem a disciplina como correlato médico e político. Atrás dos dispositivos disciplinares se lê o terror dos contágios, da peste das revoltas, dos crimes, da vagabundagem, das deserções, das pessoas que aparecem e desaparecem, vivem e morrem na desordem”.[4]

A peste suscitou esquemas disciplinares. Á peste é a utopia da cidade perfeitamente governada, porque é a cidade atravessada inteira pela hierarquia, pela vigilância, pelo olhar, pela documentação, a cidade imobilizada no funcionamento de um poder extensivo que age de maneira diversa sobre todos os corpos individuais. Enfim, vale o remate de Foucault, a imagem da peste vale para designar todas as confusões e desordens sociais.

1.3 Disciplina: em Vigiar e Punir entendemos que é o conjunto das minúsculas invenções técnicas que permitiram fazer crescer a extensão útil das multiplicidades[5] fazendo diminuir os inconvenientes do poder que justamente para torná-los úteis, deve-se rege-las.
“Digamos que a disciplina é o processo técnico unitário pelo qual a força do corpo e com mínimo ónus reduzida como força política, e maximizada como força útil”,[6] é um processo de submissão das forças e dos corpos pelos regimes políticos, aparelhos ou instituições diversas. Se nos é permitido podemos dizer que disciplina será o antónimo da peste, indisciplina, desordem caos.
Portanto será nesse sentido que gostaríamos que entendêssemos os termos acima definidos. 


2.      Medidas que se tomavam quando se declaravam uma desordem[7] na cidade no Séc. XVII
Após estes marcos definitórios dos conceito chaves do autor em estudo passamos a analisar o pensamento do mesmo. Vamos recorrer ora em Vigiar e Punir (2008) ora em Microfísica do Poder (1979) para iluminar as dúvidas. Começamos mesmo pelas medidas que eram tomadas perante uma desordem para entender todo o esquema do funcionamento panóptico:
a)      Policiamento espacial restrito: proibição de sair sob pena de morte;
b)      Inspeção constante: um olhar alerta constante em toda parte, e o inspetor chama a cada habitante pelo seu nome e informa-se do estado de todos, um por um no que os habitantes serão obrigados a dizer a verdade sob pena de morte;
c)      Sistema de registro permanente: relatórios que se anotam os nomes a idade, o sexo sem exceção nem condição e são entregues um exemplar ao chefe do quarteirão, uma segunda cópia a secretaria da prefeitura e outra para o fiscal para controlar as chamadas;
d)      Purificação das casas uma a uma e devolução aos donos.

Cada individuo é constantemente localizado, examinado e distribuído entre os vivos, os doentes e os mortos- isso tudo constitui um modelo compacto do dispositivo disciplinar. A ordem responde a peste. Ela tem a função de desfazer todas as confusões: a da doença e a do mal.

Temos que entender esta primeira parte porque o antónimo de peste é a disciplina só a disciplina ou a ordem é capaz de refazer a cidade pestilenta e caótica.

3.      Problemas éticos sociais do séc. XIX
Como dissemos a cidade pestilenta é a cidade utópica da governação perfeita, mas que os habitantes leprosos são excluídos, isto antes do séc. XIX. Mas daqui em diante, o habitante simbólico que realmente são os mendigos, os vagabundos, os loucos, os violentos que circulam em nossas sociedade. Então perante os leprosos funcionam dois mecanismos a inclusão através da inspeção e a exclusão para restituir a ordem. Por isso, a uma necessidade trabalhar com métodos de repartição analítica do poder.
Assim funcionou no século XIX, o poder disciplinar a partir dos asilos psiquiátricos, a penitencia, a casa de correção, o estabelecimento de educação vigiada, e por um lado o hospitais, de um modo geral todas as instâncias de controle individual funcional num modo duplo de marcação binária: divisão constante do normal e do anormal, a que todo o indivíduo é submetido.
Portanto assim funciona o mecanismo de vigilância através de um conjunto de técnicas e de instituições que assumem como tarefa medir, controlar e corrigir os normais, faz funcionar os dipositivos disciplinares.
Esses problemas atravessaram todo o séc. XIX, e são recorrentes hoje em que vivemos o séc. XX ora incluímos ora excluímos. Sempre nessa logica binário do normal e do anormal, alias a concretização do panóptico esta bem visível nos sistemas ditatoriais do séc. XX.


4.      O panótico de Bentham e seus efeitos
O panótico enquanto mecanismo de exercício de poder e gestão de espaço produz uma visibilidade que é uma armadilha, porque cada um em seu lugar é visto, mas não vê, objecto de informação, nunca sujeito numa comunicação. E esta é uma garantia da ordem.
“Dai o efeito mais importante do Panótico: induzir no detento um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente em seus efeitos, mesmo se é descontínua em sua acção; que a perfeição do poder tenda a tornar inútil a actualidade do seu exercício; que esse aparelho arqutectal seja uma máquina de criar e sustentar uma relação de poder independente daquele que o exerce; enfim os detentos encontrem preso numa situação de poder de que eles mesmo são os portadores”.[8]
O essencial que ele se saiba vigiado por isso, que Bentham colocou como princípio de que o poder devia ser visível e inverificável: visível, sem cessar o detento terá diante dos olhos a alta silhueta da torre central de onde é espionado. Inverificável: o detento nunca deve saber se esta sendo observado, mas deve ter certeza de que sempre pode sê-lo. Então a parcial conclusão o panótico é uma máquina de dissociar o par ver-ser visto: no anel periférico, se é totalmente visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto.
O segundo efeito do dispositivo panóptico é que ela automatiza e desinvidualiza o poder, aqui pouco importa quem exerce o poder: um individuo qualquer, pode fazer funcionar a maquina na falta do director, os que o cercam etc… então o panóptico é uma maquina que a partir dos desejos mais diversos, fabrica efeitos homogéneos de poder.
Terceiro, nasce uma sujeição real mecanicamente de uma relação fictícia. De modo que não é necessário recorrer a força o ou obrigar o condenado ao bom comportamento, o louco a calma, o operário ao trabalho, o aluno a aplicação o doente a observância das receitas: é o fim das grades das correntes, fim das fechaduras pesadas: basta que as separações sejam nítidas as aberturas bem distribuídas. Dai que cada um se auto-vigia e se auto pune.

5.      Utilidades do Panóptico
Apesar de não declarar que Bentham inspirou-se no Zoológico de Le Vaux contruida em Versalhes, e a preocupação era a observação individualizante da caracterização e da classificação da organização analítica da espécie. Mas o panóptico é um zoológico real: o animal é substituído pelo homem, a distribuição individual pelo agrupamento específico e o rei pela maquinaria de um poder furtivo. O panóptico faz o trabalho do naturalista, permite estabelecer as diferenças, perceber as aptidões, apreciar os caracteres, estabelecer classificações rigorosas etc.
Por outro lado, o panóptico pode ser utilizado como máquina de fazer experiências, modificar o comportamento, treinar ou retreinar os indivíduos. Experimentar remédios e verificar seus efeitos. Tentar diversas punições sobe os prisioneiros, segundo seus crimes e temperamentos e procurar as mais eficazes. Tentar experiências pedagógicas.
O panóptico é um local privilegiado para tornar possível a experiencia com homens, e para analisar com toda certeza as transformações que se pode obter neles. O panóptico pode até constituir-se em aparelho de controle sobre seu próprios mecanismos.
O panóticos funciona como uma espécie de laboratório de poder. Graças a seus mecanismos de observação, ganha em eficácia e em capacidade de penetração no comportamento dos homens.[9] Este mecanismo deve ser compreendido como um modelo generalizável de funcionamento, uma maneira de definir as relações de poder com a vida cotidiana dos homens, é o diagrama de um mecanismos de poder levado a sua forma ideal, seu funcionamento, abstraindo-se de qualquer obstáculo resistência ou desgaste, pode ser bem representado com um puro sistema arquitectal e óptico: é na verdade uma figura de tecnologia política que se pode e se deve destacar de qualquer uso especifico.
Portanto, tem uma função polivalente nas suas aplicações: serve para emendar os prisioneiros, mas também para cuidado dos doentes, instruir os alunos, guardar os loucos fiscalizar os operários, fazer trabalhar os mendigos e ociosos. Em cada uma das suas aplicações, permite aperfeiçoar o exercício do poder. O esquema é um intensificador para qualquer aparelho de poder: assegura sua economia (em material, pessoal  e tempo); assegura sua eficácia por seu carácter preventivo, seu funcionamento contino e seus mecanismos automáticos. é uma maneira de obter poder.
Faz com que o exercício do poder não se acrescente de fora, como uma limitação rígida ou como  um peso, sobre as funções que investe, mas que esteja nelas representada bastante subtilmente para aumentar-lhe a eficácia aumentando ele mesmo seus próprios pontos de apoio.
Por causa disso “o panoptismo é capaz de reformar a moral, preservar a saúde, revigorar a indústria, difundir a instrução, aliviar os encargos públicos, estabelecer a economia”.[10]
O movimento que vai de um projecto ao outro, de um esquema de disciplina da exceção ao de uma vigilância generalizada, repousa sobre uma transformação histórica: a extensão progressiva dispositivos de disciplina ao longo dos séc.  XVII e XVIII, sua multiplicação através de todo o corpo social, a formação do que se poderia chamar grosso modo a sociedade disciplinar. Realizou-se uma generalização disciplinar, atestada pela física benthaniana do poder no decorrer da era clássica.

6.      Vantagens sociais da tecnologia panóptica
Qualquer instituição panóptica, mesmo que seja tão cuidadosamente fechada quanto uma penitenciária, poderá sem dificuldade ser submetida a essas inspeções ou mesmo aleatória e incessante: e isso não só por parte dos controladores designados, mas por parte do público; qualquer membro da sociedade terá direito de vir constatar com seus olhos como funcionam as escolas, os hospitais, as fabricas, as prisões.
Não há risco que o crescimento do poder possa degenerar em tirania; o dispositivo disciplinarmente controlado, pois será sem cessar acessível ‘ao grande comité do tribunal do mundo’. Esse panóptico, sutilmente arranjado para que um vigia possa observar, com uma olhadela, tantos indivíduos diferentes, permite também a qualquer pessoa vigiar o menor vigia. A máquina de ver é uma espécie de câmara escura em que se espionam os indivíduos; ela torna-se um edifício transparente onde o exercício do poder é controlável pela sociedade inteira.
O panóptico tem um papel de amplificação; se organiza o poder, não pelo próprio poder mas pela salvação imediata de uma sociedade ameaçada: o que importa é tornar mais forte as forças sociais: aumentar a produção, desenvolver a economia, espalhar a instrução, elevar o nível da moral pública, fazer crescer e multiplicar.
Para reforçar esse poder sem atrapalhar esse processo, a solução do panóptico é o aumento produtivo do poder de forma continua nos alicerces da sociedade, até ao mais fino grau de forma que funcione aquelas formas súbitas, violentas, descontínuas, que estão ligados ao exercício da soberania. Porque o panóptico é o princípio geral de uma nova anatomia política cujo objecto e fim não são a relação de soberania mas as relações de disciplina. Portanto o poder é o ponto de chegada da disciplina por isso mesmo o panóptico é o principio e uma anatomia social.
O que era aplicado ao louco foi aplicado a toda uma sociedade: “realizou-se uma generalização disciplinar, atestada pela física benthamiana do poder no decorrer da era clássica (…) o movimento que vai de um projecto ao outro, de um esquema da disciplina de exceção ao de uma vigilância generalizada, repousa sobre uma transformação histórica: a extensão progressiva dos dispositivos de disciplina ao longo dos séculos XVII e XVIII, sua multiplicação através de todo o corpo social, a formação do que se poderia chamar grosso modo a sociedade disciplinar”.[11] 

7.      A Sociedade disciplinada como ponto de chegada do panóptico
Para Foucault a uma sociedade disciplinada faz crescer as habilidade de cada um, coordenas essas habilidades, acelera os movimentos, multiplica as potências de fogo, aumenta a capacidade de resistência, continua a moralizar as condutas, modela os comportamentos e faz os corpos entrar numa maquina, as forças numa economia.
“As disciplinas funcionam cada vez mais como técnicas que fabricam os indivíduos úteis”.[12] E estes saem da periferia e multiplicam as instituições disciplinares ao implantar-se em sectores mais importantes das sociedades.
Ao se multiplicar as instituições disciplinares, seus mecanismos se desistituicionalizam e começam a circular em ‘estado livre’; as disciplinas maciças e compactas se decompõem em processos flexíveis de controlo, que se pode transferir e adaptar.
Difunde-se também os procedimentos disciplinares, não a partir de instituições fechadas, mas de focos descontrole disseminados na sociedade. Grupos religiosos, associações de beneficência que desempenham esse papel de disciplinamento da população.
Não só isso mas também os mecanismos de disciplinas são estatizadas, pela presença da polícia, esta como instituição foi organizada sob forma de um aparelho de Estado e foi directamente ligada ao centro da soberania política. O poder policial deve-se exercer sobre tudo e                      sobre a massa dos acontecimentos,  das  acções, dos comportamentos, das opiniões, ‘tudo o que acontece’, o objecto da polícia são essas ‘coisas  de todo o instante’ essas ‘coisas-à-toa’. Com a polícia estamos no indefinido de um controle que procura idealmente atingir o grão mais elementar, o fenómeno mais passageiro do corpo social é o infinitamente pequeno do poder político. E a incessante observação deve acumular-se numa série de relatórios e de registros, um imenso texto policial tende a recobrir a sociedade graças a uma organização documentária complexa.
O soberano com uma polícia disciplinada, acostuma o povo a ordem e a obediência. Porém a disciplina não pode ser identificada com uma instituição nem com um aparelho, ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas de procedimentos, de níveis de aplicação, de alvos, ela é uma física ou uma anatomia do poder, uma tecnologia. E pode ficar ao encargo seja das instituições especializadas, seja das instituições que dela se servem como instrumento essencial para um fim determinado, seja pela instancias preexistentes que nela encontram maneira de reforça ou reorganizar seus mecanismos internos de poder, seja de aparelhos que fizeram da disciplina seu princípio de funcionamento interior, seja enfim de aparelhos estatais que tem por função principal é fazer reinar a disciplina da escala da sociedade.[13]


8.      Uma possível leitura sociopolítica  de Foucault
No pensamento de Foucault esta claro que uma sociedade disciplinar que vai das disciplinas fechadas, espécie de ‘quarentena social’ até o mecanismo indefinidamente razoável do panoptismo. O panoptismo desqualificou todas outras formas de vigilância, ela assegura uma distribuição infinitésima das relações de poder.
Com Bentham nascia sociedade que hoje nós somos, através do seu projecto arquitetónico de um simples projecto técnico construi-se m tipo de sociedade. De sociedade de espetáculo de circo e pão na antiguidade, na idade média inverte-se passa-se a proporcionar a um uma visão panorâmica através das técnicas de construção.
Nossa sociedade já não é de espetáculo mas de vigilância, “não estamos nem nas arquibancadas nem no palco, mas na máquina panóptica, investidos por seus efeitos de poder que nós mesmo renovamos, pois somos suas engrenagens”.[14]
A sociedade disciplinar, no momento de suas plena eclosão, assume ainda o velho aspecto de espetáculo. As manifestações espetaculares do poder apagaram-se um por um no exercício cotidiano da vigilância. Com Bentham, Focault estamos sob vigilância e Deleuze nos tornam consciente que das cinzas da sociedade espetáculo e vigilância emerge rapidamente a sociedade controle, onde a disciplina funciona sobre os corpos e produz comportamentos aparentes, para uma sociedade de hipocrisia social, o que conta são nossos números, estaremos na sociedade numérica?
Essa sociedade se instaurou com a eliminação dos espaços escuros (murros) que dificultava toda visibilidade das coisas das verdades, os espaços escuros permitiam as arbitrariedade politicas, os caprichos das monarquias, as superstições religiosas, os complôs dos tiranos e dos padres, a ilusão da ignorância e epidemias, com as Luzes e Bentham trouxe o instrumento social que nos permite essa leitura do reino da opinião invocado pela luzes não pode se exercer o direito a opinião, onde as pessoas são vistas, um tipo de olhar imediato, colectivo e anónimo. Um poder cuja instância principal fosse a opinião não poderia tolerar regiões de escuridão.
Em Microfica do Poder (1978) Foucault afirma que
“o sonho rousseano presentes em tantos revolucionários é uma sociedade transparente, ao mesmo tempo visível e legível em cada uma das suas partes; que não haja mais zonas obscuras, zonas reguladas pelos privilégios do poder real, pelas prerrogativas de tal ou tal corpo ou pela desordem: que cada um, do lugar que ocupa possa ver o conjunto da sociedade; que os corações se comuniquem um com os outros, que os olhares não encontrem obstáculos, que a opinião reine, a de cada um sobre cada um”.[15]
Acrescenta Foucault que Bentham coloca o problema da visibilidade, mas pensando numa visibilidade organizada inteiramente em torno de um olhar dominador e vigilante.
Com a revolução francesa a nova justiça, a instância do julgamento é a opinião. O problema de ver não é fazer com as pessoas fossem unidas, mas que não pudessem agir mal, de tanto que se sentiram mergulhadas, imersas em campo de visibilidade total em que a opinião dos outros, o olhar dos outros, o discurso dos outros os impediria de fazer o mal.[16]


9.      Processos históricos da formação das sociedades disciplinares
Vamos elencar como os processos disciplinas se formaram ao longo da história na sociedade em diversos sectores sociais e os diversos nomes que esta recebeu, fazendo com que o mecanismo possa garantir o funcionamento do poder.

1.      Processo económicos: o panóptico torna o exercício do poder o menos custoso possível, faz com que os efeitos desse poder social sejam levados a seu máximo de intensidade e estendidos tão longe quanto possível sem fracasso, nem lacuna; e por fim liga o crescimento ‘económico’ do poder e o rendimento dos aparelhos no interior dos quais se exerce. Portanto faz crescer ao mesmo tempo a docilidade e a utilidade de todos elementos do sistema.
As disciplinas substituem o velho princípio ‘retirada-violência’ que regia a economia do poder pelo princípio ‘suavidade-produção-lucro’. Enfim a disciplina tem que fazer funcionar as relações de poder não acima, na própria trama da multiplicidade da maneira mais discreta possível, articulado do melhor modo sobre as outras funções dessas multiplicidades, e também o menos dispendiosamente possível. Em suma, substituir um poder que se manifesta pelo brilho dos que o exercem, por um poder que objectiva insidiosamente aqueles aos quais é aplicado; formar um saber a respeito destes, mais que patentear os sinais faustosos da soberania.

2.      Processo jurídico-político: a modalidade panóptica do poder, ao nível elementar, técnico, humildemente físico em que se situa, não esta na dependência imediata nem no prolongamento directo das grandes estruturas jurídico-politica de uma sociedade; ele não é entretanto absolutamente independente.
O panóptico constitui o processo técnico, universalmente difundido da sociedade, ele também exerce-se por contrato como fundamento ideal do direito e do poder político, para fazer funcionar os mecanismos efectivos do poder ao encontro dos quadros formais de que estes dispunham. As Luzes descobriram as liberdades, inventaram também as disciplinas.
A disciplina cria entre os indivíduos um laço privado, que é uma relação de limitação inteiramente diferente da obrigação contratual; a aceitação de uma a disciplina pode ser subscrita por meio de contrato; a maneira como ela é imposta, os mecanismos que funcionam, a subordinação não reversível de uns em relação aos outros.

3.      Processo científico: o século séc. XVIII inventou as técnicas da disciplina e o exame, um pouco sem dúvida como a Idade Media inventou o inquérito Judiciário. Mas por vias totalmente diversas. O processo do inquérito, velha técnica fiscal e administrativa, se desenvolveu com a reorganização da Igreja e o crescimento dos Estados principescos nos séc. XII e XIII.
Foi então que ele penetrou com amplitude que se sabe da jurisprudência dos tribunais eclesiástico. O inquérito como pesquisa autoritária de uma verdade constatada se opunha assim ao antigo processo de juramento ou ainda da transação entre particulares. O inquérito era o poder soberano que se arrogava o direito de estabelecer a verdade através de um certo número de técnicas regulamentadas.
Apesar da sua origem política o inquérito foi com efeito a peça rudimentar e fundamental, para a constituição das ciências empíricas; foi a matriz jurídico-política desse saber experimental.


10.  O  panóptico de Bentham: uma sociedade de desconfiança e hipocrisia
Em Microfisica do poder Foucault analisando o projecto de Bentham, ele não vê ninguém em confiar o poder, e não pode confiar ninguém na medida em que ninguém pode ou deve ser quilo que o rei era no antigo sistema, isto é, fonte de poder, lei e justiça.
Já não se pode confiar em ninguém se o poder é organizado como uma maquina que funciona de acordo com uma engrenagem complexa, é que o lugar de cada um que é determinante não sua natureza. No panóptico cada um de acordo com o seu lugar é vigiado por todos ou por alguns outros, trata-se de um aparelho de desconfiança total e circulante, pois não existe ponto absoluto a perfeição da vigilância é uma soma de malevolência.[17]
O olhar constante tem um efeito dissuasivo, “é preciso estar incessantemente sob o olho de um inspetor, na verdade significa perder a capacidade de fazer o mal e quase perder o pensamento de querelo: não poder e não querer”. [18]
Existe aqui duas coisas: o olhar e a interiorização. O poder tem custos económicos e políticos elevados. Enquanto o olhar vai exigir pouca despesa, sem necessidade de armas, violência física, coação material. Apenas um olhar. Um olhar que vigia e que cada um sentido o pesar sobre si acabara por interiorizar a ponto de se observar a si mesmo.        

11.  A crítica de Foucault a Bentham
Para Foucault, o panóptico de Bentham é uma ilusão de poder é a ilusão de quase todos os reformadores do séc. XVIII onde as pessoas iriam tornar-se virtuosas pelo simples factos de serem olhadas. A opinião era para eles como uma reactualização espontânea do contrato. Eles desconheciam as condições reais da opinião, as Mídias, uma materialidade que obedece aos mecanismos da encomia do poder em forma da imprensa, edição, depois a do cinema e televisão. O jornalismo invenção fundamental do século XIX que manifesta o carácter utópico de toda esta política do olhar.
Bentham não contou com resistência das pessoas, aos sistemas de vigilância. A revolta contra o olhar, os sistemas de micro poder não se instauraram  imediatamente, mas nos sectores onde utilizaram as mulheres e crianças e de seguidas nos sectores masculinos nas indústrias pesadas. O conjunto de resistência ao panóptico deve ser analisado em termos de táctica e estratégia, vendo em cada ofensiva seu ponto de apoio a uma contra ofensiva. O poder nem sempre anónimo nem sempre vencedor, é necessário demarcar as posições de acção de cada um, as possibilidades de resistência e de contra-ataque de uns e de outros.[19]      



Conclusão
Depois deste rápido contacto com Foucault só podemos concluir com a frase de que afinal de conta vivemos numa grande prisão a céu aberto, numa caverna que temos a ilusão de que somos livres e fazemos o que desejamos, afinal de contas somos produtos de uma disciplina do olhar, micro e macro. E por conseguinte somos perpetuadores do sistema somos uma engrenagem nesta máquina diabólica. Nesse aspecto Foucault se aproxima a Marx e a Freud.
Afinal vivemos numa prisão ao céu aberto, num zoológico político onde os mecanismos funcionam subtilmente. É doloroso tomar conta desta realidade de que, a  nossa assinatura, nosso numero de bilhete de identidade, nosso pin nas redes sociais, contas bancarias, e-mails, nosso código da escola, do hospital, do registro notariado, nosso número telefónico etc… são todos mecanismos que nos criam a ilusão de que tudo esta sob nosso controle ou de que ninguém nos vê, ou que tudo ocorre sobre o maior segredo… mas tudo não passa de uma pura ilusão. A transparência panótica se instalou… nosso comportamento nada mais é senão mecânica social, somos objectos seres adestrado neste grande zoológico.  
As Luzes revolução francesa descobriram as liberdades, mas também inventaram as disciplinas que fazem a sociedade funcionar na lógica binaria. As luzes poderiam tornar a sociedade transparente e tornar os órgão da sociedade civil mais fortes, para sob luz poder opinar sobre tudo mas o processo foi inverso. O panóptico é a nova peste que se readapta e se integra nesta maquina social.





Bibliografia
FOUCAULT, Michel., Vigiar e Punir: Nascimento da prisão, (tradução de Raquel Ramalhete),
       35ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
__________________, Microfísica do Poder, (Organização, introdução e Revisão Técnica de
       Roberto Machado) 26ª ed, Rio de Janeiro: Graal, 2008.

Referencias Bibliográficas

[1] Michel Foucault, Microfísica do Poder, p. 211.
[2] Michel Foucault,  Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 167.
[3] Idem., p. 164.
[4] Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 164.
[5] Multiplicidade: quer dizer sociedade, conjunto de pessoas, exemplo uma oficina, uma nação, um exército uma escola, em suma grupos humano. Cfr.,  Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 181.
[6] Idem., p. 182.
[7] Foucault usa o termo peste, na nossa interpretação usamos desordem, caos, ou mesmo indisciplina. Cfr. pp. 162-167.
[8] Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 166
[9] Cfr. Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 169.
[10] Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 171 Cfr. Também em Microfísica do Poder, pp. 277-293.
[11] Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 173.
[12] Idem., p. 174.
[13] Cfr. Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, pp. 177-178.
[14] Michel Foucault, Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão, p. 179.
[15] Michel Foucault, Microfísica do Poder, p. 215.
[16] Cfr. Michel Foucault, Microfísica do Poder, p. 215.
[17] Cfr. Michel Foucault, Microfísica do Poder, p. 220ss.
[18] Michel Foucault, Microfísica do Poder, p. 212.
[19] Ibdem.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Que seria a vida

"A vida é uma simples sombra que passa, é uma história contada por um idiota, cheia de ruido e de furor e que nada significa..." William Shakespeare

sexta-feira, 2 de março de 2012

Logos Negro

“Honra. Pátria. Amor. David Becker estava

 prestes a morrer por estes três motivos.”

(Dan BROWN, Fortaleza Digital, 2008:250)
 

Li nestes dia um livro interessante de Barbara Cannelli, intitulado Un pensiero africano. Filosofi africani del Novecento a confronto con l’Occidente 1934-1982[1], com o prefacio de M. Marazziti, é um livro que indica e faz reviver. Alude sobre o nascimento do pensamento africano, as questões sempre abertas acerca das origens, a identidade e o método da filosofia. O livro tem o limite de indagar o pensamento filosófico da África negra de língua francesa. Fica de fora a filosofia política e a etno-filosofia. Historicamente segundo a autora o nascimento do pensamento africano na área francófona que se desenvolve na 1ª Guerra mundial. Até aquela data o partido francês da exploração colonial tinha encontrado um largo apoio trasversal da direita a esquerda. No 1910 o coronel Charles Margin pública La forza nera[2], que apoia a necessidade de recrutamento colonial porque os povos colonizados tem uma atitude de obediência. A Grande Guerra teve uma larga utilização de soldados africanos sobretudo utilizados nas tropas de assaltos lançados contra o arame farpado e as metralhadoras inimigas, aptas as primeiras linhas. Os que negavam alistar-se eram reprimidos com o sangue. Temos também dizer que muitos recusaram com espírito patriótico, confiaram nas promessas recebidas de uma maior independência. No fim da guerra a divida de sangue não vem reembolsada, mas um ponto positivo resulta, que os povos indígenas conhecem a mãe-pátria e o acontecimento revela muito cedo “uma heterogénese de fins tanto surpreendente quanto pouco previsivel” (p.39).

O negro toma consciência africana e começa com um pretexto: ser reconhecido como ser humano, existe uma plena humanidade negra que deve ser reconhecida. Temos que ter presente que a tradição ocidental, também os seus expoentes mais iluminados, nega o Logos aos africanos. No ensaio Sul carattere nazionale, David Hume sustenta que “nenhuma produção do engenho é possivel entre Negros, nem artes, nem ciências”. Mesmo Kant julgará que entre os brancos e os negros a diferença de cor reflecte (fácil intuir em qual direcção) um grau diferente das faculdades mentais. Mas o verdadeiro compêndio do juízo europeu sobre o continente africano, que atira com um só tiro e irrevogavelmente à África o privilégio da História e da Razão, fica uma pedra angular do pensamento ocidental as “Lezioni sulla filosofia della storia hegelianas”. Aqui Hegel argumenta assim: “Na imensa energia do arbítrio sensível, que domina os negros, o momento moral não tem algum poder certo. (...) África não é um continente histórico, não tem algum movimento ou desenvolvimento para mostrar. Se alguma coisa, na sua parte setentrional, aconteceu, isso pertence ao mundo asiatico e europeu. (...) O Egipto será considerado em relação a trapaça do espírito humano de Oriente ao Ocidente, não pertence ao espirito africano” (p.135). E em relação ao carácter próprio da subjectividade africana ele continua “O Africano ainda não chegou a distinsão de si, como singulo, de sua universalidade essencial, falta nele totalmente a ciência de um ser absoluto, que seja outro e superior em relação ao eu (...) e quando si distingue da natureza, ele se encontra somente no primeiro estádio, é dominado pelas paixões, orgulho e pobreza: é um homem ainda em bruto.  O negro representa o homem natural em sua total barbarie e selvageria completa” (p.136).

Em relação ao primeiro acto da razão, as primeiras respostas são a etnofilosofia e a negritudine. A primeira não é um produto propriamente africano, mas tem o mérito inegável de ter aberto o debate. O franciscano belgico Placide Tempels, missionario em Congo (1933) denuncia a crueldade da colonização, estuda a cultura dos Baluba-Shankadi e nos anos 40 publica uma serie de escritos sobre a filosofia Bantu. Assim nasce a etnofilosofia, ou a reproposição filosófica do sistema de valores da tradição oral. Escreve Lidia Procesi, é “um património de sabedoria tradicional onde pode-se reconhecer e reconstruir uma estructura lógica, ontologica e metafísica implicita. Por este motivo merece o apelativo de filosofia, segundo o significado tipico de conhecimento dos objectos ultimos e primeiros do saber: Deus, o cosmo, a alma. Funda a praxis como sistema de valores e então sabedoria ética e técnica”. (p.328) Mas, além dos aspectos positivos, a etnofilosofia, permanecendo olhar externo, corre o risco de desviar a identidade africana utilizando categorias que não pertence a ela.

A segunda resposta ao acto da razão é constituída pelo novo pensamento autenticamente africano, que, paradoxalmente, nasce em França. “Uma nova consciência surge na Europa e começa um caminho de verso ao continente africano. Um nascimento mestiço, como é aquele de todas as grandes filosofias” (p.11). Em Paris, no 1934, dois jovens que vinham das colonias franceses, Aimé Césaire e Léopold Sédar Senghor, fundam a  revista "L’Étudiant Noir", e começa o acordar negro e abrem o caminho a chamada negritude. Fruto de uma necessidade as vezes raivosa de emancipação. O pensamento africano teve que rapidamente confrontar-se com o problema de identidade negra, para depois afastar-se favorecendo uma perspectiva mais aberta, multicultural, humanistica. Sartre, aliado sincero da causa negra, não resistiu a tentação de dar uma interpretação dialéctica desta parábola: uma identidade que se põe, em oposição a identidade branca que a nega, para depois superar a contraposição em uma síntese mais universal, autentica e pacificada (cfr. p. 17).    

O que caracteriza o pensamento de Senghor é a revindicação, contra a pretensa unicidade do Logos ocidental, de um Logos negro: “a sua razão não é de tipo discursivo; ela é de tipo sintético. Não é antagonista é simpatetica. É um outro modo de conhecimento. A razão negra não empobrece as coisas, não as modela entre esquemas rigidos, eliminando os aspectos originais, vitais, naturais; ela experimenta e contorna para colocar-se no coração vivente da realidade, do real. A razão europeia é analitica com fim de utilização, a razão negra è intuitiva com o fim de participação” (p.95). Na base deste Logos negro, a negritude apresenta-se como uma teoria unitária, uma concepção orgânica de tipo ético e metafísico, no qual Senghor distingue um caracter subjectivo e um objectivo.

O primeiro “representa o aspecto humanístico e militante, a praxis de libertacao, o projecto de rivendicazione da cultura negra”, pelo contrário “objectivamente a negritude è uma certa visão do mundo e uma certa maneira concreta de viver este mundo”. E, como dizem os alemães, «uma Weltanschauung, um Da-sein, mais precisamente um Neger-sein» ( p.111). A negritude tem sido criticada de ser uma teoria racial e efectivamente monstra tractos culturais de derivação biológica quase hipostatizada e sem tempo, a-temporal e ainda Senghor escrever: “O negro è o homem da natureza. O ambiente animal e vegetal, como se configura na Africa até hoje, o clima quente e húmido lhe conferiram uma grande sensibilidade. O negro tem os sentidos abertos a todos os contactos, até as mínimas sensações. Ele sente e experimenta antes de ver (...). É devido a sua potência emocional que ele toma conhecimento do objecto” (p. 112ss). Segundo Senghor, o Logos negro se encontra numa singular consonância com as mais recentes descobertas da fisica occidental, portanto com uma concepção da materia e da enérgia de tipo vitalístico. Com uma maior consciencia critica, a segunda geração de filósofos tomou distância das primeiras conquistas da negritude ou da etnofilosofia e, em particular, colocou luz os riscos ligados ao retorno a presunta originalidade e originariedade das raízes africanas. Tambem neste caso, de facto a tradição pode desenvolver a função que fizeram os nacionalismos ou os localismos ocidentais, oferecendo-se como uma grande variedade de motivações e instrumentos para o controle social e politico por parte das novas classes dirigentes pos-colonial.

A tradição, escreve Paulin Hountondji (um dos mais críticos da etnofilosofia), “ toma a forma de um nacionalismo cultural retrogado e continua a empobrecer a cultura nacional, a reduzir o pluralismo interno e a profundidade historica, com o fim de distrair a atenção das classes exploradas dos conflitos económicos e políticos reais que as opoem as classes dirigentes, baixo o falso pretexto de uma comum participação deles a “ cultura nacional” (p. 176). Valentin Yves Mudimbe, ao contrário reconhece na negritude o merito de ter reivindicado uma originalidade africana mas faz uma acusasaçao de ter caido nas categorias e no lexico occidentais dos quais queria tomar distancias.

Mais radical é a critica de Franz Fanon, filosófo e psiquitra. Na Pele Negra e Mascaras Brancas, o autor denuncia o perigo que uma rigida definiçao da identidade africana pode mudar-se em uma nova mascara, alem dissso construída a contra-imagem e a nao-semelhante daquela ocidental.

Contrario a toda consideração biológica: “minha pele negra não é depositária de específicos valores”, segundo ele os teoricos da negritude acabam para “celebrar de maneira mitológica a dimensão irracional da chamada cultura africana: a magia, o exotismo, o primitivismo erótico, a enfatização da copia dualidade Homem-Terra” ( p.118). Do outro lado, Fanon descreve e denuncia a alienação do eu negro e o conseguinte processo de branquificaçao, que inconscientemente o colonizado se submete para assimilar-se e mendigar um reconhecimento. “Quem é então o Negro? Para Fanon o Negro è aquele que quer ser branco” (p. 76) e “não existe uma identidade negra, fora do dado histórico por causa do qual ela è uma identidade oprimida e objecto de consideração racista” ( p.80). O filósofo chega a estas conclusões de acordo com o amigo Sartre, para o qual, analogamente, “não é o carácter hebraico a causar o anti-semitismo, mas, pelo contrário, é o anti-semitismo a criar o hebreu. O fenómeno primeiro é então o anti-semitismo, estructura social regressiva e a concepção do mundo pré-lógica” (p.80). Em toda a sua forma, também aquela colonial, o racismo leva aos mesmos trágicos resultados, entre os quais a alienação e a perca do si. Contrastando o anti-semitismo e toda forma de racismo, Fanon sai da vitimização localística negra e luta por um projecto universal de libertação do homem. A sua doutrina é descrita “no sentido marxiano essencialmente como praxis, como pratica libertária, desmistificante, que possui a capacidade e a vontade de desdobrar o dado factual da opressão” (p.116).

Cheick Anta Diop, egiptólogo, trabalhou de maneira sistemática para confutar o juízo hegeliano sobre uma África privada de história e razão. Os resultados desta pesquisa podem ser sintetizados em duas teses: a origem da espécie humana em África e da cultura no Egipto, “nenhum pensamento, nenhuma ideologia, são estranhas a África, terra do concebimento destes”. E a conclusa è que “la raison est nègre» (p. 133).

A segunda parte do livro abre-se com um capítulo dedicado a “disputa sobre os universais”. Trata-se da crítica a pretensão de conceber como “universais” valores, princípios e teorias que são somente ocidentais. Segundo Fanon o “verdadeiro valor universalmente valido” é o direito da causa mundial dos oprimidos (p. 179), ao contrário para Césaire “há dois modos de perder a si mesmo: através da segregação no particular, ou por diluição no universal” (p.183). Vários autores recorrem aos instrumentos da crítica marxiana da ideologia, na óptica de uma demitização dos sistemas de pensamento que com a sua pretensa universalidade tendem a assimilar e reduzir as diferenças. Também quando verifica-se um reconhecimento ocidental da alteridade africana, frequentemente limita-se na inserção de um mais vasto esquema evolutivo: “categoria de gradualidade ascensional, profunda herança de uma mentalidade positivista-evolucionista, se delineou por muito tempo como a única modalidade de acesso à alteridade, mas desta maneira foi suprimido” (p. 172). Mais em geral, Mudimbe chama a atenção sobre os resultados da epistemologia contemporânea, sublinhando como cada ciência – sobretudo se tem como objecto o homem – seja inseparável do contexto onde nasceu e se desenvolveu. Até o estruturalismo, mesmo pela sua pretensa neutralidade e presunta “carícia desocidentalizante”, aparece insidioso e suspeito, pois, não pode eximir-se de transmitir: “as categorias de um saber, aquele ocidental” ( p.167). O exemplo mais interessante desta disputa sobre os universais ocidentais é a critica á psicologia, a psicanálise e a imagem do homem que estas disciplinas veiculam.

Segundo Fanon, a dominação europeia na África causou a colonização dos territórios e dos homens, mas também da psique, causando uma caricatura do tipo humano africano que é a projecção dos tractos desviantes e criminais dos pré-juízos raciais.

Por exemplo: “o complexo de Édipo resulta ausente na evolução pessoal do homem africano” (p.197). A psicologia, segundo Mudimbe, é somente um dos campos onde se concretiza uma aproximação etnológica fictícia sobre um objecto ao qual o subjecto permanece irremediavelmente estranho. “Os Ocidentais, como os adultos em frente aos meninos, como os psiquiatras em frente aos pacientes, impuseram aos não-ocidentais, segundo um modelo específico, maneiras aberrantes de ser não-ocidentais; eles depois deram o nome de etno-X ao estudo dos produtos deste X artificialmente criado” (p. 207). A aproximação etnológica é “o pressuposto teórico segundo ele não emendáveil, isto è o principio pelo qual, também fora das hierarquias valorativas da imputação evolucionista, permanece o direito – para o pensamento de uma sociedade e de uma cultura – de produzir um discurso que liberta a verdade de uma outra sociedade e de uma outra cultura” ( p.205).

O último Capitulo é dedicado a alguns “caminhos do devir si-mesmos”. Fanon, por exemplo, toma em consideração a batalha pelo véu combatida a partir dos anos 30 na Algéria: “ Esta mulher, que ve sem ser vista, frustra o colonizador. Não há reciprocidade. Ela não se entrega, não se doa, não se oferece (...) Tem testa ao ocupante sobre este elemento preciso é infligir-lhe um revés espectacular, é conservar a coexistência as suas dimensões do conflito e de guerra latente” (p.219ss). As palavras do filósofo revelam dum lado os tractos do desejo do domínio masculino e colonial, mas do outro, em contraluz, aqueles da inferiorização, da marginalização, do não-reconhecimento o do desinteresse.

Ao olhar do colonizador ele contrapõe aquilo do algerino, o qual, “em relação a mulher algerina, tem una atitude clara. Não a vê” (ibidem). De outro temor é a luta que carregaram sustentada pelos intelectuais africanos para libertar (das próprias contradições) aquelas mesmas ideologias ocidentais que lutam pela independência e a emancipação dos povos colonizados. Césaire por exemplo afirma que precisa impor uma revolução copernicana, tão radicada na Europa “o hábito a fazer para nos, a decidir para nós, o hábito de pensar para nós, em breve o hábito a contestar o nosso direito a iniciativa, que é em definitivo o direito a personalidade” (p.227).  O colonizador que Césaire interpreta como uma mistura de miserabilismo e paternalismo, o “irmanilismo” tipo da “gauche”, é objecto ao mesmo tempo de simpatia e de condescendência: “é um irmão, mas um irmão mais pequeno, que precisa de tutela e deve ser guiado” (p.226). “O que quero – diz Césaire – é que o marxismo ou o comunismo sejam ao serviço dos povos negros, e não os povos negros ao serviço do marxismo e do comunismo: Que a doctrina e o movimento sejam feitos pelos homens e não os homens pela doutrina e pelo movimento” (p.228).

Segundo Eboussi-Boulaga ao contrário a pesquisa do si africano (Ser si mesmo, do si) é gravada de uma origem conotada de violência, rapto, maus-tratas, escravidão, deportação, colonialismo. Tudo isso constitui uma primeira negação, que nem produz uma segunda não menos grave. A violência produziu um sistema institucionalizado de abuso de uma ordem social e mental baseada sobre a humilhação e o escravisaçao. O grave é que a negação a ser sujeito no sentido de ente autónomo não é somente externa, mas é constantemente inflicta no profundo, interiorizada, em maneira que o mesmo sujeito acredita nisso, como fosse na ordem natural das coisas ( cfr. p.232). Com estas bases a origem do pensamento africano não pode ser a maravilha, mas a condição de escravisação. Pondo em discussão o paradigma platónico – aristotélico do nascimento da filosofia como espanto do que é bonito, bom, verdadeiro, Eboussi-Boulaga sintonizado com alguma tendências da filosofia contemporânea que, com Schopenhauer procuram encontrar na experiencia do negativo e do mal o espanto inicial do pensamento. O filósofo africano, gravado pelo seu sentido de inferioridade cultural, será fatalmente levado a procurar um resgate na óptica do Aussi, para dizer reivindicar que “também” o homem negro tem direito de palavra. O intelectual negro não luta somente para ser reconhecido na cultura ocidental, mas indicando uma dupla negação cultural, encontrasse perdido mesmo no meio do seu povo por ter assumido e assimilado categorias do pensamento europeu.

O último capítulo se conclui com uma reflexão sobre as “dinâmicas do reconhecimento” que toma como base a dialéctica servo-patrão da Fenomenologia de Espirito de Hegel.

O livro se propõe como uma útil introdução histórica sobre algumas questões fundamentais da filosofia africana. Do novo pensamento aparece sobretudo a pesquisa de identidade específica na problemática relação com a ”pensante” filosofia ocidental. Algumas vezes parece que o direito a africanidade mostra de partilhar os limites de outras revindicações de uma diversidade filosófica. As quais, não propõem uma positiva originalidade do pensamento, mas acentuam a própria dimensão opositiva a uma imagem, as vezes caricatural, do logos ocidental. Isso esta na natureza da filosofia. Autocrítica e contradição fazem parte do seu ser e do seu por-se em discussão. (CONTINUA)

Barbara CANNELLI, Un pensiero africano. Filosofi africani del Novecento a confronto con l’Occidente, 1934-1982, prefazione di M. Marazziti, Leonardo International, Milano 2008



[1] Traduzido em português fica:  O pensamento african: Filosofia africana dos anos Novecentos e o confronto com o Ocidente 1934-1982
[2] Traduzido em português: A Força Negra
[3]

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Copy-Paste-: uma nova cultura ou contra-cultura? Uma reflexão epistemológica

“(…) Seus sonhos para a Fortaleza Digital haviam sido destruídos. Podia viver com isso. Susan era tudo o que importava agora. Pela primeira vez entendeu, verdadeiramente, que havia outras coisas na vida além da Pátria e da Honra. Sacrifiquei os melhores anos da minha vida em nome da Pátria e da Honra. Mas onde fica o amor? Havia se privado disso por muito tempo. E para quê? Para ver um jovem professor roubar seus sonhos? Strathmore treinou Susan. Protegeu-a….Susan viria buscar abrigo em seus braços, agora que já não havia onde encontrar abrigo. Viria até ele, indefesa, ferida pela dor e, com o tempo, ele mostraria que o amor cura todas as feridas.
Honra. Pátria. Amor. David Becker estava prestes a morrer por estes três motivos.” (Dan BROWN, Fortaleza Digital, 2008:250)


Por alguns minutos ou mesmo horas, olhei ao meu redor, voltei a ter aquela paixão infantil o fascínio pela surpresa: me assombrei por tudo, até mesmo pelo sol que vejo a quase um quarto de século. Mas o que mais me espantou foi, diante de milhares de luzeiros que tentam ofuscar a beleza da noite e  da Lua e concentrei nela, olhei para ela, falei-lhe.... Cheguei mesmo a concluir que deve ser muito interessante ser lua, ali longe! Ali longe e perto de tudo, vendo tudo e sendo fiel mensageiro do senhor sol num harmonice et ignoto mundi.
Mas também, cheguei a uma outra conclusão um pouco nauseante, deve ser muito triste estar ali, alguns dias sem a companhia das estrelas, as vezes as nuvens escuras ofuscando a luz oferecida generosamente pelo sol, é triste realmente! As vezes a lua ali com sua linda e rebuçada beleza, e nós aqui em baixo dormindo sonhando com-não-sei-o-que. Na cidade as ruas continuam com seus luzeiro para facilitar aos andantes, já no campo a beleza lunática toma conta de tudo, jovens se abraçam e se beijam, felizes nas ruas e nos becos dizendo as suas mais lindas palavras, onde só a lua é testemunho, e nas cidades, só os lençóis e a escuridão das lâmpadas falam. O engraçado, de ambos os lados ouvem-se sussurros e grunhido descontínuos. Ui por aqui ai por ali! O latrocínio se aproveita em larga escala, as tecnologias mais avanças da magia humana esvoaçam em peneiras-aviões para cumprir mais uma vez suas diabólicas missões de morte e de vida de graça e desgraça.
Essa é a magia da noite: anjos e demónios em acção, monges em oração rogando a Deus para que guarde os homens bons e converta os maus, anti-monges em acção para que o contrario aconteça! Namorados em sussurros, cientistas em locas lucubrações, viajantes em marcha lenta, almas se entregando no infernos e no paraíso cada um segundo sua sorte, almas se encarnando em novos e rápidos orgasmos adúlteros e fieis, e Deus sentado em sua cadeira escutando de nosso Irmão mais Velhos e de São Pedro o relatório final do dia e da noite, e a lua lá em perfeita luz de prata, que coisa interessante!
Quando me dei conta, tive sensação de que talvez ela tenha me respondido: é ai que me senti feliz, apesar de tudo isso ela permanece um fiel mensageiro transmitindo a luz do sol em toda sua fidelidade, e sabe que a luz não é dela. Que bom!
Parece inútil essa alegoria, mas acredito que é importante. Contextualmente vivemos num ambiente poli académico, científico, jornalístico em fim cultural, onde somos constantemente chamados a reinventarmo-nos, no dizer Brown (2008) na sua fortaleza digital: a privacidade tornou-se um hábito antiquado e desnecessário. Somos chamados a criar e recriamo-nos. Quanto a isso os autores das éticas para um novo milénio, foram uns exímios visionários, para usar a linguagem de Boff, somos chamados a viver de consensos mínimos nesse mundo multicultural. O consenso hoje é a virtude basilar da existência. Quem não fizer isso fica a “margem da Historia”, só p’ra usar o conceito de Nguenha. Não só ficamos a margem da história e da cultura universal, como também ficamos a submersos na massa amorfa sem identidade, sem cara própria, como quer esse bicho papão chamado globalização.
Diante de toda essa ambientação, temos um problema espero que assim também vocês o considerem, que todos nós constatamos, para me é, se para ti não é, isso não me importa. Importa sim a solução. Há uma nova cultura que já nasceu porém, em local impróprio. Acabou de nascer em Moçambique, particularmente em duas maternidades mentais a paste-copy culture: nas universidades e nos seios dos serviços de informação a midia, particularmente a TV. Essa cultura esta se impondo na sua máxima força nos jornalistas preguiçosos ou amadores, nos académicos professores e estudantes preguiçosos e amadores e por fim na arte musical, nos músicos preguiçosos e amadores.
Para hoje aqui e a agora, vou indicar o meu dedo aos jornalistas, me aguardem os professores/alunos e os músicos de ambos os lados preguiçosos, nas próximas reflexões.
Hoje quando vejo a TV prefiro direccionar ao canais de filmes ou mesmo aquele canal que sei que a informação ainda é fresca e tropical, e que seu pessoal esta no terreno in loco vendo o acontecimento sem sensacionalismo, embora servindo a interesses desconhecidos que se me autorizarem podia dia dizer servindo ao “comando invisível” que não é invisível, pois todos nos conhecemos assim como os pan-africanistas conheceram os seus inimigos de longe. Canais como esses são raríssimos e também o que eles passam são raridades são ventos tropicais, notícias e músicas sem espinhas, uma outra abordagem, na linguagem dos meus alunos diriam: é uma outra coisa!
Uns que se dizem jornalistas, de tal tarefa, não tem nada a senão imagem, um simulacro em frente as cameras com camadas e camadas de creme e maquilhagem, caras negras transformadas em cinzentas (efeito da maquilhagem) ficamos sem saber se são negros ou brancos, uma outra raça talvez, a raça da midia que  balbuciar palavras que nem entendem.
E as vezes me pergunto: se essa informação, tirou da Euro News, BBC, TVM ou RTP, que já é transmitidas na Língua do Colono, porque você é obrigado a repetir mesma informação em português e as vezes um português sem “guês”! Mantenha a língua e a aponte a fonte. Há inclusive canais que ofuscam a imagem e a legenda do roda pé da reportagem original com um monte de palavras. É uma pena! Pena mesmo, porquê as vezes são canais cujos os jornalistas que tem nome e lugar na Praça e até alguns foram colegas e amigos nossos.
Há um vírus que tomou conta daqueles amadores. As vezes aquela informação cansa, porque todos os canais estão a repetir a mesma coisa a única diferença é que são as vozes dos copiadores. Louvamos esses esforço porque trazem informação de longe, de longe mesmo! Lamentamos porque não são fiéis as fontes, não sabem fazer o que a lua faz: ser fiel a seus sol, e não tem raiva porque ela sabe que os humanos simples mortais sabem que a luz que irradia nela não é dela. Há aqueles que não sabem, a lua tem esperança que um dia saberão que a luz não lhe pertence. Há! Inefável lua. Há! Inefabilis mundi !
Há esse fenómeno estranho que afectou os nosso informadores que muitos cientólogos chamam de os que tem o poder da fala, é o que de por já me preocupa, me preocupa o direito dos autores, me preocupa sim a origem e a originalidade, me preocupa sobretudo o prémio que estes bandidos recebem enganando-nos a todos. Será isso uma nova cultura, pergunto eu? Merece o nome de que cultura? Será um valor da nossa época? Será por causa da preguiça da pesquisa? Se for porque manter uma máquina informativa se não existem condições epistemológicas para tal?
Quero denunciar que muitos destes empreendimentos são umas cascas de cebola, um grupo de seres humanos que levam uma vida inautenticamente inaceitável.
Hoje sinto-me no dever moral de concordar o que minha professora de psicopedagia dizia: a pior coisa que o homem inventou para o mundo literário foi a máquina fotocopiadora, e todos os seus derivados máquinas fotográfica, scanners, conversores digitais, etc. porque estes tiram no homens a paixão pelo primordial.
Estamos mal, o que faremos, para onde iremos, qual ética para o trabalho jornalístico? Que cultura?
Esses tipos e fazedores da paste-copy culture ganharam pra valer, maquiavélicos da primeira e mais do que o próprio Maquialvel e toda a sua turma de seguidores.... mas tenho esperança de que isso tem tempo e espaço bem determinado. Pois, cada vez mais sabemos que apesar  de a qualidade de ensino estar a baixar, há cada vez mais e mais cidadãos na escola. E sabem o que significa escolar uma pessoa?
Uma pessoa escolada não suporta uma casca de cultura, independentemente da qualidade de ensino que teve no passado, uma pessoa escolada, casca a cultura até ao mais profundo do seu núcleo, essa é a atitude que nossos amadores precisam fazer no actual momento.
Enfim solução prática para o actual problema, não tenhos a vista, mas também não posso renunciar a minha missão ética. Não posso negar o juramento que fiz no dia da conclusão do curso, não! Por isso não posso admitir que seja uma cultura aquilo que é contrário aos valores que muitos derramaram sangue e suor. Não posso aceitar! Ninguém perde nada ao informar ou indicar a “fonte Q”. Pelo contrário.
Portanto há que repensar a ética da nossa midia, repito falo da nossa midia! Há que formar e reformar os nossos amadores e sensacionais jornais e seus jornalecos. Não podemos admitir que isso seja o modus vivendi dos nossos jornalistas. Enfim louvamos aqueles que passam muitas luas a procura da verdade e a favor da transparência. Ética precisa-se! (Continua, me aguardem os professores e amadores)
Por. dr Hélder Madeira

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Lei de Trabalho Mocambique, Licença por Doença, Jornada de Trabalho, Férias anuais, Gravidez e licença de Parto

Lei de Trabalho Mocambique, Licença por Doença, Jornada de Trabalho, Férias anuais, Gravidez e licença de Parto

Mensagem do Conselho Cientifico 2012


Quando se entra no ISMMA logo após o portão principal e entrando pela via do auditório, encontramos uma placa de cor a verde escura onde lê-se: “Promover o desenvolvimento Moral, Cultural e Social de Um povo é tarefa de todos…”. É acerca desse mural que gostaria que todos pudessem ler ou reler, antes de adentrar nas entranhas dessa Casa que se atreve a chamar-se Maria Mãe de África, se assim é logo o convite é: aqui não somos órfãos e se todos somos filhos da mesma mãe, então é todos somos irmãos, convite exigente mas necessário, mas quanto a isso dedicaremos futuras páginas.
Nunca cheguei a entender na íntegra aquelas escrituras, mas as leio com fascínio cada dia que atravesso aquele corredor, que nos introduz nesse mundo da ciência dos saberes e particularmente de humanismo, mas particularmente daquele humanismo cristão: formar o homem todo e todo o homem. Penso que aquela frase porque sintetiza aquilo que penso ser a visão e missão do ISMMA.
A todos que pela primeira vez entram, tanto para os cursos Médios, Superiores, Curso breves de actualização científica e de revigoramento da Fé, o Conselho Cientifico endereça umas boas-vindas. Aos que já entraram que desenvolvam as competências necessárias, que permaneçam na escolha e insistam nessa aventura pela verdade afinal só ela liberta, ao finalistas nossos queridos o País vos espera, por isso o ‘rigor científico e o vigor da fé’ é o que nos vos pedimos. Rigor para puder separar o “joio do trigo” quanto a isso, sei que fá-lo-ão, porque fostes alimentados por chás éticos, alimentos pedagógicos e sociais, e Vigor para puderes viveres, testemunhar e influenciar o local onde viveis e trabalhais sem medos nem vergonha, espalhando sementes da cultura da paz.
Penso que é nesse sentido que o “promover o desenvolvimento cultural do homem é tarefa de todos” cada um a seu modo e no local onde esta pode fazer não com palavras mas com atitudes, é isso que como ISMMA e particularmente como Conselho Cientifico nos preocupa, e acreditamos que cada membro dessa comunidade académica é uma semente de mostarda, é amante do homem do saber e da cultura.
Portanto sedes bem-vindos e vivam com intensidade cada momento epistémico, não temos outro remédio senão ele para responder as actuais exigência que a real situação social nos exige.

dr. Hélder d’Arlindo Madeira
25.01.2012

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Conhecimento científico ou migalhas científicas: uma reflexão epistemológica!

 “A ciência não é um conhecimento especulativo,
 nem uma opinião a ser defendida,
mas uma tarefa a ser elaborada”
 (Francis Bacon)
I
O trabalho que se segue é um breve estudo sobre aquilo que no geral chamamos de Conhecimento Científico, mas prefiro chamar de Migalhas Científicas. Todos os comentários que aqui faço se fundamentam em autores de referência neste vasto campo de Pesquisa Cientifica e estes são mencionados mediante uma referência bibliográfica. Como análise científica, impus-me, a fidelidade total à expressão e ao conteúdo dos pensamentos dos autores com que dialoguei, espero não ferir a lógica das pessoas mais abalizadas em matéria de investigação e espero também, que este esforço seja bem aceite, embora seja eu o primeiro a me sentir insatisfeito.
Para a realização desta faina, o método foi o de análise e revisão bibliográfica, fomos ao encontro dos pensamentos dos autores através das obras originais e alguns comentários dos manuais e até nos socorremos de algumas migalhas científicas que sobraram na lembrança.
Tenho como propósito fundamental ajudar meus queridos colegas estudantes da academia a melhorarem suas aventuras científicas, se permitirem tal generosidade.

II
Quando se fala de Universidade, Academia e ou Ensino Superior, tenho certeza de que o que nos vem na cabeça logo a primeira é que nestes locais discute-se, prova-se, pró e reproduz-se o conhecimento, e qual tipo de conhecimento? O conhecimento Científico. É desta coisa que hoje vou dedicar minhas primeiras páginas. Páginas de produção que se quiserem podem adjectiva-la de científica ou académica, mas quanto a mim prefiro dizer que é apenas um folheto de Migalhas Científicas.

Alertar que o conhecimento científico apesar de se preocupar pela verdade ele não é o pai da verdade, existem outras fontes de verdade que estão contidas no nosso senso comum e religioso porém a vantagem do primeiro é que a verdade é construída a céu aberto e em debate e é passível de demonstração e mensuração, já no segundo caso depende do contexto, da crença e ate do tempo. Porem todos concordamos que ninguém, ninguém mesmo é o Pai da verdade senão o tempo. Essa é a crença que move o pesquisador.

Então comecemos pelo princípio apesar de já termos começado! Que é a ciência, senão uma das formas de conhecimento que o homem produziu ao longo da sua história, com o objectivo de entender e explicar racional e objectivamente o mundo para nele poder intervir.

Etimologicamente ciência do latim scientia, que significa soma ou conjunto de conhecimentos que se possui sobre variados objectos; entende-se também como: instrução, erudição, conjunto dos conhecimentos coordenados e relativos a um objecto determinado ou aos fenómenos de uma ordem ou classe; total dos conhecimentos práticos que servem para determinado fim; conhecimento humano considerado no seu todo, segundo a sua natureza e progresso (cfr. Caldas Aulete, 1958:958).

Disso penso que já estão fartos! Para evitar que me perguntem: que será o conhecimento, posto que deste o dia que passamos a saber que somos “homo sapiens sapiens” passamos a saber que é o conhecimento aliás vosso professor de história e paleontologia humana devia já ter vos explicado! Não obstante, penso que podemos concordar ao dizer que é o saber que se adquire pela leitura e meditação, instrução, erudição, etc. Ou Conjunto de informações organizadas relativas a um determinado objecto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos factos e um método próprio. Ou ainda, soma de informações praticas que servem para um determinado fim. Se não for e nem tivermos isso somos “homos demens demens” (cfr. Aurélio, 1986:324)

Após esses marcos conceptuais, importa sublinhar algumas características daquilo que chamamos conhecimento científico: sublinhamos primeiro que este conhecimento é socialmente adquirido ou produzido, historicamente acumulado, dotado de universalidade e objectividade o que permite sua transmissão, e estruturado com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as actividades humanas.

Cronologicamente ciência surgiu com Galileu e Descartes no Séc XVII, embora tenha sido uma actividade iniciada na Antiguidade grega e se transformado numa pratica constante com a finalidade de afastar crenças e comportamentos supersticiosos, eliminar a ignorância e fundamentar racionalmente as normas de conduta e os costumes herdados. Lembrar que estes homens e outros deram a sua pele e sangue pela ciência, espero que em vossas investigações após invocarem vossos antepassados se lembrem também do cota Galileu, de Giordano Bruno, Johannes Kepler, Copérnico, Descartes, Newton, Bacon, Khun, Popper, etc… estes e outros mudaram o rumo da compreensão do mundo, filosofaram de modo original.

A ciência tal como o definimos visa o domínio e controle prático da natureza, porque é um conhecimento sistemático e seguro de um conjunto de fenómenos que ocorrem de maneira regular e uniforme, segundo padrões invariáveis de reacções causais, expresso em leis e teorias gerais, com o objectivo de tornar o mundo compreensível.

O pesquisador seja ele quem for, motivado por uma situação-problema e guiado por algumas hipóteses preliminares, observa fenómenos semelhantes, classifica-os segundo suas características comuns, procurando verificar a coerência de regularidades entre eles. Uma vez constatados, essas regularidades são generalizadas e aplicadas a fenómenos semelhantes. É dessa forma que o pesquisador elabora as leis científicas:
“o pensamento científico parte, em última instância, de problemas que surgem da observação de factos e acontecimentos encontrados na experiência comum. Sua base é a compreensão do que se observa, pela descoberta de alguma ordem sistemática nos sucessos, coisas, qualidades e relações que o contacto com a circunstância revela. Depois de fases em que factos gerais autenticados, sequências empíricas e generalizações estatísticas são obtidos, o espírito humano formula relações de dependência entre factos e fenómenos, visando chegar a leis empíricas” (Hegenberg, 1969:115)

As leis formuladas devem ser:
a)      Capaz de descrever uma serie de fenómenos;
b)      Comprovadas através da observação dos factos e da experimentação;
c)      Capazes de prever acontecimentos futuros;

As leis se encontram agrupadas em sistemas explicativos e compreensivos dos fenómenos chamadas teorias científicas:
“estas pretendem explicar de modo adequado o que ocorre ao nosso redor. As teorias têm um ponto de apoio estritamente metafísico. São juízo ou opiniões sem fundamento preciso; suposição, hipótese - um eu acho que….. Lançam-se, as vezes, a custa de única observação, subitamente surpreendente, diante daquilo que parecia bem assentado. Sua função é, usualmente, a de ordenar as circunstâncias, colocando-os em “paz” com ela, para que possamos ir vivendo” (Hegenberg, 1969:157)

Tanto as leis como as teorias científicas têm como principal finalidade explicar e prever os fenómenos naturais. Portanto, o cientista se utiliza de uma articulação relativamente constante de procedimentos e meios para obter um fim determinado, a que se da o nome de método científico, que  é um conjunto de normas-padrão que pautam uma pesquisa para que ela seja bem-sucedida e seus resultados obtenham a adesão racional da comunidade científica.

O cientista percorre algumas etapas  antes de chegar aos resultados finais de sua pesquisa. Costuma-se afirmar que o primeiro passo é a observação de factos e a colecta de dado. Tal afirmação é falsa e infundada. Pois, na verdade toda e qualquer pesquisa têm a sua origem em sua situação-problema que convida o pesquisador a investigá-la. Guida por um certo número de hipóteses preliminares e auxiliado pela imaginação inventiva, o pesquisador trata de observar os factos, colectar dados que lhe permitem formular hipóteses frutíferas e dar continuidades `a pesquisa.

No segundo momento, essas hipóteses devem ser testadas experimentalmente, isto é, submetidas a uma investigação controlada capaz de indicar se elas são de facto importantes na ocorrência da situação -problema.

Uma vez confirmadas, as hipóteses transformam-se em lei, que por sua vez são incorporadas em teorias capazes de explicar e prever os fenómenos presentes no mundo circundante.

Só para deixar claro:
Hipótese: é uma proposição ou conjunto de preposição que constituem o ponto de partida de uma demonstração, ou então uma explicação provisória de um fenómeno, devendo ser provada pela experimentação (cfr. Japiassu, 1986:250)

Lei científica: é uma relação necessária estabelecida entre dois acontecimentos (causa-efeito), ou seja é aquela ideia final que estabelece entre factos relações mensuráveis, universais e necessárias, autorizando a previsão, (cfr. Idem:252).

E Teorias: serão o conjunto de concepções; síntese geral que se propõe explicar um conjunto de factos cujos subconjuntos foram explicados pelas leis (cfr. Severino 1992:126).

Para construir sua teoria, o pesquisador se utiliza de raciocínios indutivos e raciocínios dedutivos. Por exemplo:
1.      Todo mamífero é vertebrado
Todo homem é vertebrado
Todo homem é mamífero

2.      Todos homens observados são mamíferos
Todo homem é mamífero

O cientista se utiliza da indução quando, após examinar através de várias técnicas a ocorrência sistemática de factos singulares, percebe a regularidade desses factos, o que lhe permite fazer generalizações conforme tentamos mostrar no exemplo 2. Ou seja, que nós como pesquisadores concluímos a partir da regularidade de certos factos, a sua constância; da constatação de certos factos, a existência de outros factos ligados aos primeiros na experiência anterior. Então a indução nada mais é senão um raciocínio ou forma de conhecimento pela qual passamos do particular ao universal, do específico ao geral, dos factos as leis.

Mas também o pesquisador pode se valer da dedução que lhe garante a verdade de suas conclusões. Ou seja, ele parte de afirmações comprovadamente correctas e verdadeiras, aceites universalmente, o resultado obtido também será correcto e verdadeiro, conforme tentamos mostrar exemplo 1, ou seja, aqui o pesquisador tira de uma ou varias proposições uma conclusão que delas decorre logicamente.

Para não me perguntar onde esta a diferença de um e outro, adianto dizer que no primeiro caso estado aptos para a novidade e surpresa a conclusão pode ser totalmente nova quando se trata da indução, já no segundo caso, não a conclusão não traz nada de novo senão aquilo que sobejamente conhecíamos.

Tanto num quanto noutro tem seus limites, perigos, por isso logo no principio falávamos da infalibilidade, logo a seguir continuaremos a explicar tal facto. A ciência vive disso: da sua falibilidade é este o pilar que lhe ajuda, manter-se e degradar-se, contraditório mais interessante. A ciência é como a vida, sustenta-se pela sua biodegradabilidade, dizia um Professor meu de ethic and politics. Quanto nos explicava da teoria da biodegradabilidade…

É importante observar que o conhecimento científico não é neutro, uma vez que depende do contexto sócio-político, económico e cultural em que surge e é desenvolvido. Além disso, a ciência, apesar do rigor que lhe é peculiar, não é infalível e seus resultados não são definitivos:
“A força geradora da ciência é o desejo de obter explicações simultaneamente sistemáticas e controláveis pela evidência factual. O fim específico da ciência é, portanto, a descoberta e a formulação, em termos gerais, das condições sob as quais ocorrem os diversos tipos de acontecimentos, servido os enunciados generalizados dessas condições determinantes como explicasses de factos correspondentes. Esse objectivo só pode ser atingido identificando ou isolando certas propriedades. Em razão disso, quando uma investigação alcança exito, proposições que até então pareciam independentes surgem como que ligadas uma `as outras de maneira determinada, em função do lugar que vem ocupar num sistema de explicações”  (Nagel 1979:23.4).
III
Portanto chegando quase ao fim seria bom fechar e sintetizar em poucas palavras aquilo que desenrolamos em milhões de migalhas de palavras. O conhecimento científico compreende as seguintes etapas básicas: observação de um acontecimento, para quem esteve num campo de estágio um ou dois anos não entra por isso em crise e se entrar existem outros lugares que pode encontrar situações-problema, uma vez que descrever um problema não amarga, podem faze-lo com gosto; depois disso segue-se o estabelecimento de questões relativas à observação do acontecimento, após ver um problema a capacidade indignar-se é tão natural quanto beber um copo com de água; mas indignar-se não basta é necessário encontrar sugestões hipotéticas capazes de explicá-las, o que causa aquele fenómeno? isto ou aquilo?; produção de experiências controladas, com o objectivo de comprovar ou não se as hipóteses sugeridas podem explicá-las, verificar tuas hipótese se são ou não, isso implica também estar aberto a novos resultados.

Minha experiência conta que , muitos pesquisadores ou amadores da pesquisa manipulam resultados, tem aproveitamentos a 100%, me admira muito quanto vejo pesquisas com 80 a 90% de resultados positivos ou confirmando a hipótese do pesquisador.  E, finalmente o que é natural apresentar a conclusão, que poderá permitir a previsão de novos acontecimentos provenientes do primeiro. E se as experiências se apresentarem positivamente em relação à hipótese, esta passa a constituir uma teoria.

Enfim, para tal a Lógica, a Matemática e o Português (as línguas) jogam um papel fundamental para ajudar as pessoas a estruturar o raciocínio a pensar sob causa e efeito, coisa rara em nosso contexto. Mas num campo de acção onde as pessoas estudam estruturando o raciocino sob diploma-salário, estamos muito longe de construir o conhecimento científico só podemos nos contentar mesmo com Migalhas Científicas, apenas Migalhas Científicas.

AULETE Caldas. (1958), Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa, 4ª edição, Rio de Janeiro: Delta, 5Vl.
ENCICLOPÉDIA MICROSOFT ENCARTA (1993-2001) Microsoft Corporation.
HEGENBERG, Leonidas. (1969), Explicações Cientificas: introdução a filosofia da ciência, São Paulo: ed. Herder, /Edusp,
JAPIASSU, Hilton; (1986), Vocabulário. InRezende, Antonio (Org). Curso de filosofia. Rio de Janeiro, Ed Zahar,
MARIA Sónia; DE SOUSA Ribeiro. (S/d), Um outro olhar: Filosofia. Ed. F.T.D, São Paulo.
NAGEL, Ernest. (1979), Ciência: Natureza. iN: Morgenbesser, Sideney. Filosofia da Ciência, 3ª Edição, São Paulo: Cuturix.