A formaçao do homem

"O que um homem pode ser, ele tem de ser" A. MASLOW



domingo, 12 de fevereiro de 2012

Copy-Paste-: uma nova cultura ou contra-cultura? Uma reflexão epistemológica

“(…) Seus sonhos para a Fortaleza Digital haviam sido destruídos. Podia viver com isso. Susan era tudo o que importava agora. Pela primeira vez entendeu, verdadeiramente, que havia outras coisas na vida além da Pátria e da Honra. Sacrifiquei os melhores anos da minha vida em nome da Pátria e da Honra. Mas onde fica o amor? Havia se privado disso por muito tempo. E para quê? Para ver um jovem professor roubar seus sonhos? Strathmore treinou Susan. Protegeu-a….Susan viria buscar abrigo em seus braços, agora que já não havia onde encontrar abrigo. Viria até ele, indefesa, ferida pela dor e, com o tempo, ele mostraria que o amor cura todas as feridas.
Honra. Pátria. Amor. David Becker estava prestes a morrer por estes três motivos.” (Dan BROWN, Fortaleza Digital, 2008:250)


Por alguns minutos ou mesmo horas, olhei ao meu redor, voltei a ter aquela paixão infantil o fascínio pela surpresa: me assombrei por tudo, até mesmo pelo sol que vejo a quase um quarto de século. Mas o que mais me espantou foi, diante de milhares de luzeiros que tentam ofuscar a beleza da noite e  da Lua e concentrei nela, olhei para ela, falei-lhe.... Cheguei mesmo a concluir que deve ser muito interessante ser lua, ali longe! Ali longe e perto de tudo, vendo tudo e sendo fiel mensageiro do senhor sol num harmonice et ignoto mundi.
Mas também, cheguei a uma outra conclusão um pouco nauseante, deve ser muito triste estar ali, alguns dias sem a companhia das estrelas, as vezes as nuvens escuras ofuscando a luz oferecida generosamente pelo sol, é triste realmente! As vezes a lua ali com sua linda e rebuçada beleza, e nós aqui em baixo dormindo sonhando com-não-sei-o-que. Na cidade as ruas continuam com seus luzeiro para facilitar aos andantes, já no campo a beleza lunática toma conta de tudo, jovens se abraçam e se beijam, felizes nas ruas e nos becos dizendo as suas mais lindas palavras, onde só a lua é testemunho, e nas cidades, só os lençóis e a escuridão das lâmpadas falam. O engraçado, de ambos os lados ouvem-se sussurros e grunhido descontínuos. Ui por aqui ai por ali! O latrocínio se aproveita em larga escala, as tecnologias mais avanças da magia humana esvoaçam em peneiras-aviões para cumprir mais uma vez suas diabólicas missões de morte e de vida de graça e desgraça.
Essa é a magia da noite: anjos e demónios em acção, monges em oração rogando a Deus para que guarde os homens bons e converta os maus, anti-monges em acção para que o contrario aconteça! Namorados em sussurros, cientistas em locas lucubrações, viajantes em marcha lenta, almas se entregando no infernos e no paraíso cada um segundo sua sorte, almas se encarnando em novos e rápidos orgasmos adúlteros e fieis, e Deus sentado em sua cadeira escutando de nosso Irmão mais Velhos e de São Pedro o relatório final do dia e da noite, e a lua lá em perfeita luz de prata, que coisa interessante!
Quando me dei conta, tive sensação de que talvez ela tenha me respondido: é ai que me senti feliz, apesar de tudo isso ela permanece um fiel mensageiro transmitindo a luz do sol em toda sua fidelidade, e sabe que a luz não é dela. Que bom!
Parece inútil essa alegoria, mas acredito que é importante. Contextualmente vivemos num ambiente poli académico, científico, jornalístico em fim cultural, onde somos constantemente chamados a reinventarmo-nos, no dizer Brown (2008) na sua fortaleza digital: a privacidade tornou-se um hábito antiquado e desnecessário. Somos chamados a criar e recriamo-nos. Quanto a isso os autores das éticas para um novo milénio, foram uns exímios visionários, para usar a linguagem de Boff, somos chamados a viver de consensos mínimos nesse mundo multicultural. O consenso hoje é a virtude basilar da existência. Quem não fizer isso fica a “margem da Historia”, só p’ra usar o conceito de Nguenha. Não só ficamos a margem da história e da cultura universal, como também ficamos a submersos na massa amorfa sem identidade, sem cara própria, como quer esse bicho papão chamado globalização.
Diante de toda essa ambientação, temos um problema espero que assim também vocês o considerem, que todos nós constatamos, para me é, se para ti não é, isso não me importa. Importa sim a solução. Há uma nova cultura que já nasceu porém, em local impróprio. Acabou de nascer em Moçambique, particularmente em duas maternidades mentais a paste-copy culture: nas universidades e nos seios dos serviços de informação a midia, particularmente a TV. Essa cultura esta se impondo na sua máxima força nos jornalistas preguiçosos ou amadores, nos académicos professores e estudantes preguiçosos e amadores e por fim na arte musical, nos músicos preguiçosos e amadores.
Para hoje aqui e a agora, vou indicar o meu dedo aos jornalistas, me aguardem os professores/alunos e os músicos de ambos os lados preguiçosos, nas próximas reflexões.
Hoje quando vejo a TV prefiro direccionar ao canais de filmes ou mesmo aquele canal que sei que a informação ainda é fresca e tropical, e que seu pessoal esta no terreno in loco vendo o acontecimento sem sensacionalismo, embora servindo a interesses desconhecidos que se me autorizarem podia dia dizer servindo ao “comando invisível” que não é invisível, pois todos nos conhecemos assim como os pan-africanistas conheceram os seus inimigos de longe. Canais como esses são raríssimos e também o que eles passam são raridades são ventos tropicais, notícias e músicas sem espinhas, uma outra abordagem, na linguagem dos meus alunos diriam: é uma outra coisa!
Uns que se dizem jornalistas, de tal tarefa, não tem nada a senão imagem, um simulacro em frente as cameras com camadas e camadas de creme e maquilhagem, caras negras transformadas em cinzentas (efeito da maquilhagem) ficamos sem saber se são negros ou brancos, uma outra raça talvez, a raça da midia que  balbuciar palavras que nem entendem.
E as vezes me pergunto: se essa informação, tirou da Euro News, BBC, TVM ou RTP, que já é transmitidas na Língua do Colono, porque você é obrigado a repetir mesma informação em português e as vezes um português sem “guês”! Mantenha a língua e a aponte a fonte. Há inclusive canais que ofuscam a imagem e a legenda do roda pé da reportagem original com um monte de palavras. É uma pena! Pena mesmo, porquê as vezes são canais cujos os jornalistas que tem nome e lugar na Praça e até alguns foram colegas e amigos nossos.
Há um vírus que tomou conta daqueles amadores. As vezes aquela informação cansa, porque todos os canais estão a repetir a mesma coisa a única diferença é que são as vozes dos copiadores. Louvamos esses esforço porque trazem informação de longe, de longe mesmo! Lamentamos porque não são fiéis as fontes, não sabem fazer o que a lua faz: ser fiel a seus sol, e não tem raiva porque ela sabe que os humanos simples mortais sabem que a luz que irradia nela não é dela. Há aqueles que não sabem, a lua tem esperança que um dia saberão que a luz não lhe pertence. Há! Inefável lua. Há! Inefabilis mundi !
Há esse fenómeno estranho que afectou os nosso informadores que muitos cientólogos chamam de os que tem o poder da fala, é o que de por já me preocupa, me preocupa o direito dos autores, me preocupa sim a origem e a originalidade, me preocupa sobretudo o prémio que estes bandidos recebem enganando-nos a todos. Será isso uma nova cultura, pergunto eu? Merece o nome de que cultura? Será um valor da nossa época? Será por causa da preguiça da pesquisa? Se for porque manter uma máquina informativa se não existem condições epistemológicas para tal?
Quero denunciar que muitos destes empreendimentos são umas cascas de cebola, um grupo de seres humanos que levam uma vida inautenticamente inaceitável.
Hoje sinto-me no dever moral de concordar o que minha professora de psicopedagia dizia: a pior coisa que o homem inventou para o mundo literário foi a máquina fotocopiadora, e todos os seus derivados máquinas fotográfica, scanners, conversores digitais, etc. porque estes tiram no homens a paixão pelo primordial.
Estamos mal, o que faremos, para onde iremos, qual ética para o trabalho jornalístico? Que cultura?
Esses tipos e fazedores da paste-copy culture ganharam pra valer, maquiavélicos da primeira e mais do que o próprio Maquialvel e toda a sua turma de seguidores.... mas tenho esperança de que isso tem tempo e espaço bem determinado. Pois, cada vez mais sabemos que apesar  de a qualidade de ensino estar a baixar, há cada vez mais e mais cidadãos na escola. E sabem o que significa escolar uma pessoa?
Uma pessoa escolada não suporta uma casca de cultura, independentemente da qualidade de ensino que teve no passado, uma pessoa escolada, casca a cultura até ao mais profundo do seu núcleo, essa é a atitude que nossos amadores precisam fazer no actual momento.
Enfim solução prática para o actual problema, não tenhos a vista, mas também não posso renunciar a minha missão ética. Não posso negar o juramento que fiz no dia da conclusão do curso, não! Por isso não posso admitir que seja uma cultura aquilo que é contrário aos valores que muitos derramaram sangue e suor. Não posso aceitar! Ninguém perde nada ao informar ou indicar a “fonte Q”. Pelo contrário.
Portanto há que repensar a ética da nossa midia, repito falo da nossa midia! Há que formar e reformar os nossos amadores e sensacionais jornais e seus jornalecos. Não podemos admitir que isso seja o modus vivendi dos nossos jornalistas. Enfim louvamos aqueles que passam muitas luas a procura da verdade e a favor da transparência. Ética precisa-se! (Continua, me aguardem os professores e amadores)
Por. dr Hélder Madeira

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