A formaçao do homem

"O que um homem pode ser, ele tem de ser" A. MASLOW



terça-feira, 29 de abril de 2014

METODOLOGIA DE PESQUISA EM FILOSOFIA

Hélder Madeira
Mestrando em Filosofia pela USTM- Moçambique
Professor Ordinarius no ISMMA-Maputo
 



INTRODUÇÃO
Escrever, em filosofia, é diferente do que se pede ao estudante para redigir noutros cursos. A maior parte das estratégias descritas abaixo serão úteis também quando o estudante precisar de escrever ensaios noutras disciplinas, mas não se deve presumir automaticamente que o seja, nem que as orientações dadas por outros professores serão necessariamente úteis quando se escreve um ensaio de filosofia.

Para os cursantes de filosofia há perguntas frequentes quando a matéria é metodologia de investigação científica. Perguntas como estas (ver abaixo) não escapa ao crivo de um estudioso iniciante de filosofia:

·         Como se faz uma pesquisa em filosofia? Como é que se escreve em filosofia?
·         Será que as pesquisas em filosofia são como as das outras ciências como: Educação, Psicologia, Estatística, Sociologia?
·         Como é que se organiza uma pesquisa em filosofia? Quais os métodos a usar? Como abordar um problema filosoficamente etc?
·         Que tipo de pesquisa são as filosóficas?
·         Como se abordam e arrumam os argumentos? Etc… etc…

Responder a estas perguntas é o que pretendemos fazer no estudo que se segue. Falo-e-mos seguindo a risca os conselhos metodológicos dos Professores James Pryor da Universidade de Princeton (EUA), Umberto Eco Professor emérito da Universidade de Milão e alguns conselhos metodológicos do professor José Castiano vice-reitor da Universidade Pedagógica de Moçambique, entre outros. Também recomendamos as leituras dos estudos dos escritores brazileiros Maria e De Sousa (1995) no Filosofia: um outro olhar.

Não queremos atribuir créditos falsos a este trabalho. A nossa contribuição consistiu, na sua maior parte, em coleccionar e organizar sugestões das outras pessoas. Boa parte dos conselhos que apresentamos aqui fora tomadas de empréstimo dos apontamentos dos nossos professores e colegas de escritório. Não podemos esconder que também tenhamos encontrado alguns destes conselhos ao ler alguns guias deste género na Internet, foi inevitável mas o trabalho foi assaz laborioso. Lamentamos de não ter registrado os endereços onde nos longínquos anos coleccionamos essas notas nos nossos dispositivo de informação. Um conselho metodológico pode ser encontrado e consultado também nos estudos da Prof. Catarina Cuambe (2012) com o título: Indicações Metodológicas para Trabalhos de Tese em Filosofia e Ética, assim como os estudos da prof. Olívia Matusse (2013) Metodologia de Investigação científica.

 Tema e delimitação do tema:

É o assunto que se deseja desenvolver é a delimitação conceitual, geográfica, temporal e espacial da realidade, do tema que se quer pesquisar ou conhecer. Seja ela a ideia de um ou vários autores, seja ela o contexto de uma determinada época histórica, ou mesmo o conceito que se tem ou se tinha sobre algo em determinada época.
Exemplo: Contribuição de Aristóteles na sistematização da lógica como disciplina filosófica.

Formulação do Problema Pesquisa:

Problema de Pesquisa é o se pretende analisar, ou precisamente o que se quer saber da realidade pesquisada. Pode ser elaborado em forma de pergunta ou mesmo uma afirmação.  Segundo o endereço www.pedagogiaemfoco.pro.br - acessado em Agosto de 2005:

“O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O Problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há regras para se criar um Problema, mas alguns autores sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta.”

Veja os seguintes exemplos abaixo:

Exemplo 1:
Nietzsche, ao pregar o aniquilamento da consciência moral vigente de toda compaixão humana, concebe o homem como um ser que cria valores. Como um destruidor de crenças, mitos, do cristianismo, da massificação das artes e dos valores morais, torna-se uma voz quase solitária na defesa do restabelecimento de uma ordem original das coisas.

Exemplo 2:
A história do pensamento metafísico se preocupou largamente com a questão: o que é o ser, sobretudo em defini-lo. E a própria História da Metafísica nos mostrou que a multiplicidade das respostas não satisfazem o espírito humano, um exemplo claro é a confusão que se instalou entre a noção de Ente, Essência e Substância. Para Heidegger, Parménides descobriu o ser, já Platão o teria ocultado por buscar o sentido do Ser nos Entes. É nesse sentido que Heidegger se propõe esclarecer, não a definição, mas o sentido do Ser, pois para ele enquanto não compreendermos a temporalidade, esquecida pela metafísica tradicional, de que ela pertence por essência ao sentido do ser, como o tempo é o fundamento da manifestação e da apreensão do ser, continuaremos prisioneiros da ilusão metafísica. Falaremos do ser mas não compreendermos o que estamos a dizer, diz ele em Ser e Tempo: o ser que estamos a falar somos nós próprios, e o fundamento deste é o tempo (Heidegger, 2005).



Exemplo 3:
Será que Aristóteles teve êxitos na sistematização da lógica como disciplina filosófica no percurso da história? Até que ponto podemos considerar o papel da Aristóteles na contribuição, daquilo que hoje é considerado instrumento de pensamento ou de argumentar? Ou será que Aristóteles condicionou o percurso da existência da lógica?

A tarefa do pesquisador será daqui em diante buscar os pilares principais em que os autores se pautam, e como eles constroem os seus conceitos buscando demonstrar os caminhos em que formulam suas polémicas teorias e soluções dos seus problemas. Regra geral não existe uma fórmula específica de formular um problema de pesquisa.

Objectivos

Um ensaio de filosofia como qualquer outro trabalho pode ter vários objectivos. Geralmente começamos por apresentar algumas teses ou argumentos para consideração do leitor, passando de seguida a fazer uma ou duas das coisas seguintes:

  • Criticar o argumento, ou demonstrar que certos argumentos em defesa da tese não são bons.
  • Defender o argumento ou tese contra uma crítica.
  • Oferecer razões para se acreditar na tese.
  • Oferecer contra-exemplos à tese.
  • Contrapor os pontos fortes e fracos de duas perspectivas opostas sobre a tese.
  • Dar exemplos que ajudem a explicar a tese, ou a torná-la mais plausível.
  • Argumentar que certos filósofos estão comprometidos com a tese por causa dos seus pontos de vista, apesar de não a terem explicitamente afirmado ou endossado.
  • Discutir que consequência a tese teria, se fosse verdadeira.
  • Rever a tese à luz de uma objecção qualquer.
  • Abrir caminhos de reflexão sobre uma determinada tese.

É necessário apresentar explicitamente as razões que sustentam as nossas afirmações, independentemente de quais destes objectivos tenhamos em mente. Os pesquisadores geralmente sentem que não há necessidade de muita argumentação quando uma dada afirmação é para eles evidente; mas é muito fácil sobrestimar a força da nossa própria posição. Afinal de contas, já a aceitamos. O pesquisador deve presumir que o leitor ainda não aceita sua posição e tratar o ensaio como uma tentativa de persuadir o leitor. Por isso, não se deve começar um ensaio com pressupostos que quem não aceita a nossa posição vai com certeza rejeitar. Se queremos ter alguma hipótese de persuadir as pessoas, temos de partir de afirmações comuns, com as quais todos concordam.

Um bom ensaio de filosofia é modesto e defende uma pequena ideia, mas apresenta-a com clareza e objectividade, e oferece boas razões em sua defesa.
Muitas vezes, as pessoas têm demasiados objectivos num ensaio de filosofia. O resultado disto é, normalmente, um ensaio difícil de ler e repleto de afirmações pobremente explicadas e inadequadamente defendidas. Portanto, devemos evitar ser demasiado ambiciosos. Não devemos tentar chegar a conclusões extraordinárias num ensaio de 5 ou 6 páginas. Feita adequadamente, a filosofia avança em pequenos passos.

Justificativa:

Segundo Gil (2002, p. 162):
“Trata-se de uma defesa inicial do ensaio, que pode incluir:
·         Factores que determinaram a escolha do tema, sua relação com a experiência profissional ou académica do autor, assim como sua vinculação à área temática e a uma das linhas de pesquisa do curso.
·         Argumentos relativos à importância da pesquisa, do ponto de vista teórico, metodológico ou empírico;
·         Referência a sua possível contribuição para o conhecimento de alguma questão teórica ou prática ou ainda não solucionada.”

Metodologia:

Neste item devem ser explicitadas as técnicas de colecta de dados ou instrumentos de pesquisa, sujeitos e tipos de pesquisa, formas de análise dos dados. A metodologia deve explicitar como vai ser desenvolvido o trabalho, se possível elaborar um esquema explicativo tornara uma explicação mais clara, concisa e ilustrativa.

A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exacta de toda acção desenvolvida ao longo do trabalho de pesquisa.

a)      Natureza das pesquisas em Filosofia

Em filosofia e suas áreas afins a natureza da pesquisa é qualitativa, pois há um esforço para rastrear, analisar, contextualizar os pensamentos, valores, suposições e informações a serem obtidas nos textos do autor e seus comentaristas.

b)     Tipo de pesquisa

Quanto a tipologias as pesquisas filosóficas classificam-se em: é pesquisas puras, ou teórica (as pesquisas filosóficas quanto ao tipo também pode ser designada de analítica, filosófica ou pesquisa pura as denominações variam de acordo com os autores), bibliográfica e documental. Teórica porque analisa uma determinada teoria ou pensamento, e bibliográfica porque partimos do princípio de que todo estudo que se queira científico deve ter esse pressuposto alicerçado em autores e respectivas obras, documental porque referem-se a documentos oficiais, decretos, leis, regulamentos e outros documentos normativos.

c)       Métodos de pesquisa

Uma vez que a natureza destas investigações são teórica, analítica, pura ou filosófica, os método adequados para estas são:

1.      Análise do conteúdo do pensamento do autor: aqui recorre-se ao conteúdo do pensamento, a obras originais ou pelo menos as traduções das originais, correlacionando com as interpretações que este teve no pensamento filosófico. Faz o esforço de apresentá-lo sem manipulá-los evitando no máximo comentários de manuais, recorrendo a estes quando as circunstâncias assim o exigirem. Aqui o pesquisador/estudante tem a possibilidade de pensar sobre os problemas cotidianos a luz da perspectiva do pensador em estudo.

2.      Método Sistemático: este consiste em coleccionar um conjunto de conhecimentos previamente organizados e estruturados que privilegia a forma em detrimento do conteúdo, repetem-se as teorias culturalmente consolidadas.


3.      Método Histórico: procura evidenciar-se a maneira peculiar como cada homem foi enfrentado os problemas apresentados no decurso da sua existência. Esse método incita o pesquisador a encarar o acto de filosofar como resposta criativa aos problemas e suas situação novas; ou seja, o pesquisador faz um recuo ao passado e resgata a maneira encontrada pelos homens para enfrentar seus problemas ao longo do tempo. 

4.      Método de Análise Linguístico: este é um método complementar que auxilia a leitura e análise dos textos filosóficos com a finalidade de determinar o significado das palavras e outras expressões desconhecidas presentes no texto a ser usado, servem também para reconstruir a etimologia de uma palavra, remontando à sua origem.

Neste ponto preferimos usar a expressão métodos de pesquisa no lugar de abordagem da pesquisa, para encontrar em conformidade com os restantes cursos e no lugar de métodos preferimos referir que processos mentais; além de mais a expressão processos mentais é mais adequada e clara. Mais do que isso, podemos dizer que esses métodos não são o únicos existem uma vasta gama de métodos que nos podem facilitar o estudo de textos filosóficos, o que referenciamos são apenas exemplos. E muitas vezes é difícil usar um único método sem se valer dos outros.

d)     Processo Mental

Tanto para o filósofo como para qualquer pesquisador se vale da indução quando, após examinar através de várias técnicas a ocorrência sistemática de factos singulares, percebe a regularidades desses factos, o que lhe permite fazer generalizações. Ou seja, que nós como pesquisadores concluímos a partir da regularidade de certos factos singulares, a sua constância; da constatação de certos factos, a existência de outros ligados aos primeiros na experiência anterior. Então, a indução nada mais é senão um raciocínio ou forma de conhecimento pela qual passamos do particular ao universal, do específico ao geral, dos factos constantes as leis ou teorias gerais.

Por Exemplo:
Se ponho três vezes minha mão dentro de um saco de feijão e todas as vezes tiro um feijão preto. A frequência dos feijões pretos (constante K) me levará a concluir que o saco é de feijões pretos!

Mas também o pesquisador pode se valer da dedução que lhe garante a verdade de suas conclusões. Parte-se de afirmações comprovadamente correctas e verdadeiras, aceites universalmente; o resultado obtido será também verdadeiro e correcto, ou seja, aqui o pesquisador tira de uma ou varias proposições uma conclusão que delas decorre logicamente, normalmente os processo mentais dedutivos não trazem nada de novos e as margens de erro e novidade são quase que inexistentes.

No primeiro caso (indução) estamos aptos a novidade e surpresa a conclusão pode ser totalmente nova, porque a frequência da repetitividade dos factos pode se interromper e alterar o curso da pesquisa e suas conclusões, já no segundo caso, não! A conclusão não traz nada de novo senão aquilo que sobejamente conhecíamos.

Porém tanto num quanto noutros há limites excesso e perigos: a filosofia como as outras ciências não é infalível. A ciência vive disso: da sua falibilidade, no dizer do Prof. Brazão Mazula é este o pilar que lhe ajuda a manter-se e a degradar-se, é contraditório porém interessante.

 

e)      Análise do conteúdo da pesquisa                       

Para analisar as informações recolhidas podemos estruturar o nosso percurso dessa forma:
Figura 1 – Fases de organização da pesquisa
Especificamente as fases 1 e 2 a Leitura - têm em vista a familiarização com os textos; 3. A Análise e Interpretação - têm em vista o exame profundo dos textos. 4. A Comparação e redacção após os processos anteriores far-se-á uma síntese síntese das ideias  organizadas, e far-se-á conclusões gerais redigindo os textos.

Cronograma:

O tempo previsto para cada etapa de pesquisa depende do tipo da sua finalidade.

ATIVIDADES / PERÍODOS

Set

 Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abri
Mai
jun
jul
1
Levantamento de literatura
X
X









2
Montagem do Projecto

X









3
Colecta de dados


 X
X
X
X





4
Tratamento dos dados





X
X
X



5
Elaboração do Texto Final






X
X
X


6
Revisão do texto









X

7
Entrega do trabalho










X

Orçamento
 (Opcional)


Referências Bibliográficas:
Todos os livros e textos que foram utilizados para a elaboração do projeto, digitados em ordem alfabética.

Glossário:
Explicação dos termos técnicos usados pelo autor, contexto, etc.

Estrutura do trabalho
Na proposta da Cuambe(2012) propõe a seguinte estrutura que passamos expor abaixo:

 PRELIMINARES
a) Capa
b) Folha de aprovação
c) Declaração de Honra
d) Dedicatória
e) Agradecimentos
f) Lista de Abreviaturas
g) Índice
h) Resumo (deve ser de uma página no mínimo, contendo as palavras-chave que serão no primeiro capítulo. Ex: Liberdade, valores, existencialismo)

INTRODUÇÃO
Na introdução deve constar o tema, o problema (é fundamental a sua contextualização, ou seja a explicação clara que ditou sua identificação) (AA.VV., 2006), justificativa, objectivos gerais e específicos, metodologia seguida e a estrutura geral do trabalho.

DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento subdivide-se em capítulos cujos básicos, aqueles que não podem faltar são:

Capítulo 1 – Ao longo deste capítulo, o pesquisador faz a definição de conceitos ou palavras-chaves de forma objectiva e clara de modo a facilitar a delimitação do campo de reflexão e a compreensão da abordagem particular desenvolvida pelo estudante pesquisador.
Nota: As definições não podem ser feitas em geral, mas alicerçadas nas obras do autor que se pretende analisar, ou mesmo para facilitar a compressão melhor seria comparar do autores em estudo e seus contemporâneos ou outros autores posteriores a ele.

Capítulo 2 – Constitui a parte central da tese onde o estudante apresenta de forma clara, lógica e científica o pensamento do autor à volta do tema escolhido. Espera-se que o estudante faça referência às obras do autor através de citações pontuais e directas, mostrando ter lido e analisado o pensamento do autor, “bebendo-o” directamente da fonte (das obras próprias do autor, demonstrando o desenvolvimento de um debate particular à volta do seu pensamento).

Capítulo 3 – É de teor crítico. O estudante servindo-se e apoiando-se em outros autores com/ou comentaristas tece uma crítica filosófica, mostrando os pontos fortes e fracos do pensamento do autor em questão e seus reflexos na história da filosofia. Entretanto, é nesta parte que se procede a avaliação ou comparação do autor estudado com os demais, procurando assumir uma posição particular ou demonstrar a nova visão.
 
Capítulo 4 – É de actualização; o estudante deve fazer um cruzamento entre o pensamento do autor e a situação real da época (do país) na qual o estudante desenvolve a sua pesquisa, evidenciando a sua relevância, os efeitos que pode trazer a sua aplicação e as oportunidades de reflexão que se abrem para o futuro.


CONCLUSÃO
É uma das partes mais importante dum trabalho científico. Nela, o estudante deve revisitar o seu trabalho e extrair dele os aspectos fundamentais ou as principais conclusões (as ideias/argumentos chaves) para depois indicar novas pistas de reflexão e aprofundamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Nesta parte deve-se fazer a apresentação de todos os autores consultados e citados no trabalho com todos os dados complementares que possam facilitar a identificação da obra consultada.
Nota: Num trabalho filosófico não se coloca a bibliografia geral. Nas referências bibliográficas só se indicam obras, artigos ou fontes que constam no texto, a nível de citações directas ou indirectas
  
 ANEXOS
O estudante pode colocar o material que faz referência à vida e obras do autor analisado ou em estudo, dado que esta parte não deve constar dentro do desenvolvimento do trabalho.

CONSTRUÇÃO DOS ARGUMENTOS

Um ensaio de filosofia consiste numa defesa argumentada de uma afirmação. Os estudantes ou pesquisadores devem oferecer um argumento a favor desse argumento. Não podem consistir na mera exposição das suas opiniões, nem na mera apresentação das opiniões dos filósofos discutidos. É preciso que o estudante defenda as afirmações que faz e que ofereça razões para se pensar que são verdadeiras.
Por exemplo: o  pesquisador não pode simplesmente dizer:

A minha opinião é que Heidegger revolucionou a História da Metafísica (P)

Porem deve antes dizer algo como:

A minha opinião é que Heidegger revolucionou a História da Metafísica (P).
Penso isto porque… pelas suas investigações e pelo retorno as fontes gregas, tornou o Ser numa linguagem dizível que não seja metafísica e, portanto, mais compreensível e real, para ele o ser não se encontrava na esfera superior como queriam os escolásticos, o ser estava diante de nos, somos nos mesmos em cada caso, o ser é physis no seu permanecer e desaparecimento.

ou:

Penso que as seguintes considerações apresentadas por Heidegger... (Q)
“Natureza” não é apenas o conjunto das coisas que há no Universo; “Natureza” (physis) é o conjunto das coisas que há no Universo “enquanto que todas elas “nascem” (phyo) dum único “princípio” (arkhé) universal” , natureza é presença, vigência, estar presente ou actualidade.

Oferecem um argumento convincente em defesa de (P) …

“Os gregos definiam o ser como vigência do que está presente. A noção de vigência lembra a de actualidade, a actualidade é um momento do tempo, a definição do ser como vigência refere-se, pois, ao tempo.
Se tento, agora, determinar a vigência a partir do tempo e se busco, na história do pensamento, o que foi dito sobre o tempo, descubro que desde Aristóteles a essência do tempo é determinada a partir de um ser já determinado. E é por esse motivo que tentei desenvolver, em Ser e tempo, um novo conceito do tempo e da temporalidade no sentido da abertura.[1]

Da mesma forma, o pesquisador não deve dizer simplesmente:

Descartes afirma que (Q)… “Penso logo existo”

Ao invés disso, terá de dizer algo como o seguinte:
Descartes afirma que (Q)…“Penso logo existo”; contudo, a seguinte experiência mental demonstrada por Heidegger (de que primeiro existimos ou somos no mundo) mostrará que não é verdade que (Q)... que o pensamento é a condição da existência dos sujeitos”;
Ou:
Descartes afirma que (Q)…      penso logo existo”;.
Julgo que esta afirmação é plausível, pelas seguintes razões...
a)       Remonta aos clássicos de que a essência precede a existência.
b)       De que antes de os objectos vir a existência existe uma ideia (forma) sobre ela como sustenta a metafísica de Aristóteles;
c)        De que só quem pensa autonomamente existe.
d)       E, por fim, para nos separar dos restantes seres vivos do reino animal.
(Isso é apenas um exemplo)

Originalidade

O objectivo dos ensaios é demonstrar que o estudante entende o problema e é capaz de pensar criticamente sobre ele. Para que isto aconteça, o ensaio do estudante tem de revelar algum pensamento independente.

Isto não significa que o estudante tem de apresentar a sua própria teoria, ou que tenha de dar uma contribuição completamente original para o pensamento humano. Haverá muito tempo para isso no futuro. Um ensaio bem escrito é claro e directo, rigoroso ao atribuir opiniões a outros filósofos, e contém respostas ponderadas e críticas aos textos que lemos. Não é necessário inovar sempre.

Mas, o estudante deve tentar trabalhar com os seus próprios argumentos, ou a sua maneira de elaborar, criticar ou defender algum argumento que viu nas aulas. Não basta simplesmente resumir o que os outros disseram.

ESTÁGIOS PARA CONSTRUÇÃO DOS ARGUMENTOS

Primeiro Estágio
Os primeiros estágios de redacção de um ensaio de filosofia incluem tudo o que o estudante faz antes de se sentar para escrever o seu primeiro esboço. Estes primeiros estágios envolvem a escrita, mas o estudante ainda não vai escrever um ensaio completo. Pelo contrário, o estudante deve fazer anotações de leituras, rascunhos das suas ideias, tentativas para explicar o argumento principal que deseja avançar, e deve criar um esboço.

Discuta as questões com os outros
Como foi dito, espera-se que os ensaios dos estudantes demonstrem que estes entenderam o assunto que discutiram nas aulas e, mais ainda, que podem pensar criticamente sobre esse assunto. Uma das melhores maneiras de verificar a nossa compreensão da matéria das aulas é tentar explicá-la a quem não está ainda familiarizado com ela.

 A experiência pessoal de muitos professores de filosofia é que descobrem repetidamente, enquanto ensinam filosofia, que não conseguem explicar adequadamente uma questão ou argumento que julgavam ter entendido bem. Isto acontece porque o problema é mais complexo do que se tem apercebido. O estudante terá a mesma experiência. Por isso, é bom que troque considerações com colegas e com amigos que não assistem às aulas, o que os ajudará a compreender melhor o que discutem nas aulas e a identificar o que ainda não compreenderam inteiramente. (cfr. Ficha de apontamentos pessoais)

Será ainda mais proveitoso que os estudantes troquem considerações entre si sobre o que querem discutir nos seus ensaios. Quando as ideias do estudante estiverem suficientemente bem trabalhadas para que ele possa explicá-las oralmente, então ele estará pronto para se sentar e fazer um esboço.

Faça um esboço de trabalho

Formule, no início do trabalho, o problema ou a questão central que deseja tratar, e mantenha-o em mente. Descreva o problema, e por que razões é um problema. Certifique-se de que diz apenas o que é relevante para o tema central e de que informa ao leitor da relevância do que vai tratar. Não os obrigue a adivinhar.

Antes de começar a escrever um rascunho, você precisa pensar sobre o que vai escrever: em que ordem deve explicar os diversos pontos a serem abordados? Em que pontos deve apresentar a posição ou argumento contrários? Em que ordem deve expor a crítica que faz aos argumentos ou posições contrárias? O que pretende discutir pressupõe outra discussão anterior? E assim por diante.

A clareza geral do seu ensaio dependerá em grande parte da sua estrutura. Por isso, é importante pensar sobre estas questões antes de começar a escrever.

Eu recomendo fortemente que, antes de começar a escrever, o estudante faça um esboço do ensaio e dos argumentos que vai apresentar, o que lhe será útil para organizar os pontos que quer abordar e para lhes dar uma direcção. Este procedimento também ajuda o estudante a assegurar-se de que pode dizer qual é seu argumento principal ou crítica, antes de se sentar para escrever um rascunho completo. Geralmente, quando os estudantes têm dificuldade em escrever, é porque ainda não compreenderam bem aquilo que estão a tentar dizer.

Dê toda a atenção ao esboço, que deve ser bem detalhado (Para um ensaio de 5 páginas, um esboço adequado deve ter uma página inteira ou mesmo mais).

N.B: Fazer um esboço de trabalho representa pelo menos 80% do trabalho de escrever um ensaio de filosofia. Se faz um bom esboço, o resto do processo de escrita será muito mais tranquilo.


Comece logo a trabalhar

Os problemas filosóficos e a redacção filosófica exigem cuidado e reflexão complementares. O estudante não deve esperar até duas ou três noites antes da data de entrega para começar a escrever. Isto é tolo. Escrever um bom ensaio de filosofia exige um grande esforço de preparação.

O estudante precisa dar a si mesmo tempo suficiente para pensar sobre o tópico e escrever um esboço detalhado. Só então estará pronto para escrever um rascunho completo. Concluído o rascunho, abandone-o por um ou dois dias. Só então deve retomá-lo e reescrevê-lo várias vezes. Pelo menos 3 ou 4. Se puder, mostre-o aos seus amigos e observe as suas reacções. Eles compreendem os seus pontos principais? Há partes no seu rascunho obscuras ou confusas para eles?

Tudo isso leva tempo. Assim, o estudante deve começar a trabalhar nos seus ensaios assim que os tópicos estejam determinados.

Use uma linguagem simples

Não aposte na elegância literária. Use um estilo simples e directo; mantenha frases e parágrafos curtos e escolha palavras familiares. Se usar palavras rebuscadas onde as simples dariam conta do recado, os professores riem-se de si. As questões da filosofia são suficientemente profundas e difíceis sem que o estudante tenha de as emporcalhar com uma linguagem pretensiosa ou verborreica. Não escreva num estilo que não usaria coloquialmente: se não se diz assim, não o escreva assim.

O estudante pode pensar que, uma vez que o professor de filosofia já sabe muito sobre o tema do ensaio, pode deixar de lado boa parte da explicação básica e escrever num estilo super-sofisticado, como um especialista que fala com outro. Garanto que este procedimento tornará o seu trabalho incompreensível.

Se o seu ensaio soar como se tivesse sido escrito para uma audiência da terceira classe, então, provavelmente tem a clareza adequada.

Nas aulas de filosofia o estudante encontra por vezes filósofos cujo estilo é obscuro e complicado. Todos os que lêem este tipo de texto acham-no difícil e frustrante. Os autores em questão são filosoficamente importantes, apesar de a sua prosa ser má, e não por causa dela. Assim, não tente imitar esse tipo de prosa.

Torne fácil a estrutura do ensaio

A estrutura do seu ensaio tem de ser óbvia para o leitor. Não obrigue o leitor a despender energias para a compreender. Ofereça as suas ideias de bandeja.
Antes de mais nada, use conectores como os seguintes:

  • Porque, uma vez que, dado o argumento.
  • Logo, portanto, por conseguinte, segue-se que, consequentemente.
  • Não obstante, todavia, contudo, mas.
  • No primeiro caso, por outro lado.

Estes recursos ajudam o leitor a não perder a direcção da sua argumentação. Certifique-se que usa as palavras correctamente! Se disser “P. Portanto Q.”, está a afirmar que P é uma boa razão para se aceitar Q. É melhor que isso seja mesmo assim. Se não for, os professores protestam. Não atire de qualquer maneira um “portanto” ou um “consequentemente” para fazer o seu pensamento parecer mais lógico do que realmente é.

Outro recurso que pode ajudá-lo a tornar fácil a estrutura do seu trabalho é dizer ao leitor o que já fez até o momento e o que vai fazer em seguida. Pode dizer algo como o seguinte:

  • Começaremos por...
  • Antes de dizer o que está errado com este argumento queremos...
  • Estas passagens sugerem que...
  • Vamos agora defender esta afirmação...
  • Esta afirmação é também apoiada por...
  • Por exemplo...

Estes indicadores fazem uma grande diferença. Considere os seguintes dois fragmentos de ensaios:

... Acabámos de ver como “X” diz que “P”. Vamos agora apresentar dois argumentos a favor de não-P. O primeiro argumento é...
O segundo argumento a favor de não-P é...
“X” pode responder aos meus argumentos de várias formas. Por exemplo, poderia dizer que...
Todavia esta resposta falha, porque...
“X” também poderia responder a meu argumento afirmando que...
Esta resposta também falha, porque...
Assim, vimos que nenhuma das respostas aos meus argumentos a favor de não-P foi bem sucedida. Consequentemente, devemos rejeitar a afirmação de “X” de que “P”.
Vamos defender a ideia de que “Q”.
Há três razões para se pensar que é verdade que “Q”. Primeiramente...
Em segundo lugar...
Em terceiro lugar...
A objecção mais forte a “Q” é que...
Todavia, esta objecção não é bem sucedida, pela seguinte razão...

Veja-se como é fácil reconhecer a estrutura destes ensaios. A estrutura dos ensaios dos estudantes deve ser igualmente fácil.

Uma observação final: deixe sempre muito claro quando expõe suas opiniões ou, ao contrário, quando apresenta a opinião de algum filósofo que estiver discutindo. O leitor não deve ficar em dúvida sobre a autoria das afirmações que faz em um dado parágrafo.

O estudante não conseguirá tornar óbvia a estrutura do seu ensaio se não souber que estrutura é essa, ou se o ensaio não tiver nenhuma. Por isso, é tão importante fazer um esboço de trabalho.

Seja conciso, mas explique-se completamente

Para escrever um bom ensaio de filosofia, precisamos de ser concisos. Ainda assim, temos de explicar completamente os nossos pontos de vista.

Pode parecer que estas exigências nos empurram em direcções opostas mas, se as compreender adequadamente, verá que é possível atender a ambas.
  • Insistimos na concisão porque não queremos ver o estudante a divagar a respeito de tudo o que conhece de um determinado tema, tentando mostrar como é inteligente e culto. Cada ensaio deve tratar de uma única questão ou problema específico. Certifique-se de que trata efectivamente desse problema em particular. O que não se referir especificamente ao problema a ser tratado não deve constar do seu ensaio. Elimine todo o resto. É sempre melhor concentrar-se em um ou dois pontos e desenvolvê-los em profundidade do que falar de tudo. Um ou dois caminhos claros funcionam melhor que uma floresta impenetrável.

Formule, no início da pesquisa, o problema ou questão central que deseja tratar, e mantenha-o em mente o tempo todo. Esclareça qual é o problema, e por que razão é um problema. Certifique-se de que diz apenas o que é relevante para o tema central e de que informa ao leitor da relevância do que vai tratar. Não o obrigue a adivinhar.

Quando temos um tópico para explorar, não devemos simplesmente atirá-lo numa frase. Explique-o; dê um exemplo; esclareça de que forma esse tópico ajuda o seu argumento.
Explique-se completamente ou seja, seja tão claro e explícito quanto possível quando estiver a escrever. Diga exactamente o que pretende.

Faça de conta que o leitor não leu o material que está a discutir, e que não reflectiu muito sobre ele, o que obviamente não será verdade. Mas, se o estudante escrever como se isto fosse verdade, sente-se forçado a explicar termos técnicos, ilustrar distinções estranhas ou obscuras, e ser tão claro quanto possível quando resumir o que os outros filósofos disseram.

Uso de exemplos e definições

É muito importante usar exemplos num ensaio de filosofia. Boa parte das afirmações que os filósofos fazem são muito abstractas e de difícil compreensão, e os exemplos são a melhor forma de as tornar mais claras.

Os exemplos são também úteis para explicar os conceitos que ocupam um papel central no argumento do estudante. Procure deixar clara a maneira como os entende, mesmo que sejam recorrentes em discursos do dia-a-dia. Tal como são usados no dia-a-dia podem não ter um significado suficientemente claro ou preciso.

Por exemplo:
Suponha que está a escrever um ensaio sobre o aborto, e quer sustentar que “Um feto é uma pessoa.” O que quer dizer com “pessoa”? O que quer dizer com “pessoa” vai determinar fortemente se esta premissa será ou não aceitável para o leitor. Também fará uma grande diferença no efeito persuasivo do seu argumento. Em si, o seguinte argumento não tem valor:

Um feto é uma pessoa.
É errado matar uma pessoa.
Logo, é errado matar um feto.

Não tem valor porque não sabemos o que o autor pretende dizer ao afirmar que um feto é uma pessoa, o correcto seria dizer que:

Segundo algumas interpretações de “pessoa”, pode ser óbvio que um feto seja uma pessoa.
Em contrapartida, será bastante controverso se, no mesmo sentido de “pessoa”, matar for sempre algo errado. Segundo outras interpretações, é mais plausível que seja sempre errado matar pessoas, mas totalmente confuso se um feto pode ser entendido como “pessoa.”

Assim, tudo resulta no que o autor pretende dizer com “pessoa”. O autor tem de ser explícito a respeito do uso desse conceito.

Num ensaio de filosofia, podemos dar às palavras um sentido diferente do usual, mas teremos de deixar claro que estamos a fazer isso.

Por exemplo:

Alguns filósofos usam a palavra “pessoa” significando qualquer ser capaz de pensamento racional e auto-consciência. Entendido desta forma, animais como baleias e chimpanzés podem perfeitamente ser entendidos como “pessoas”. Não é este o significado que comummente damos a esta palavra; comummente, só os seres humanos são “pessoas”. Mas está muito bem usar “pessoa” neste sentido, se esclarecermos o que queremos dizer com este termo. O mesmo acontece com quaisquer outras palavras deste género que usamos nos nossos ensaios.

N.B. Não diversifique o vocabulário em benefício da variedade. Se referimos algo como “X” no começo do ensaio, temos de continuar a referir-nos a isso como “X”. Não comece por falar sobre “a perspectiva de Platão sobre o ego”, mudando para “a perspectiva de Platão sobre a alma”, e depois para “a perspectiva de Platão sobre a mente”. Se se refere à mesma coisa nos três casos, use só um nome. Em filosofia, uma ligeira mudança no vocabulário indica geralmente a intenção de nos referirmos a outra coisa.

Como usar palavras com significados filosóficos precisos?

Os filósofos dão a muitas palavras comummente usadas significados técnicos precisos. Certifique-se de que usa essas palavras correctamente. Não use palavras que não compreende bem. Use termos filosóficos técnicos somente quando forem necessários. Não há necessidade de explicar termos filosóficos gerais como “argumento válido” e “verdade necessária”. Mas deve explicar quaisquer termos técnicos cujo uso conduza ao tópico específico que está a discutir. Assim, por exemplo, se usar quaisquer termos especializados como “dualismo” ou “fisicismo” ou “behaviorismo,” deve explicar o seu significado. Proceda da mesma forma se usar termos técnicos como “Dasein” e outros semelhantes. Mesmo quando os filósofos profissionais escrevem para outros filósofos profissionais têm de explicar o vocabulário técnico especial que está a usar. Pessoas diferentes às vezes usam o vocabulário especial de diferentes formas, por isso, é importante ter certeza de que os nossos leitores dão a estas palavras o mesmo significado. Faça de conta que seus leitores nunca as ouviram antes.

Como apresentar e avaliar pontos de vista alheios?

Se temos em mente discutir as opiniões do filósofo Heidegger ou Sartre, temos de começar por descobrir quais são os seus argumentos ou pressupostos centrais.
De seguida, pergunte a si mesmo se: os argumentos de Heidegger são bons? Os seus pressupostos são apresentados com clareza? São plausíveis? São pontos de partida razoáveis para o argumento de “X”, ou ele deveria ter oferecido algum argumento independente?

Certifique-se de que entende exactamente o que a posição que está criticando diz. Os estudantes perdem muito tempo a argumentar contra opiniões que parecem indicar o que supõem estar sendo afirmado, mas na verdade dizem outra coisa.

N.B: A filosofia exige um alto nível de precisão. Não basta simplesmente entender a ideia geral da posição ou argumento de alguém. Temos de compreender rigorosamente o que está a ser dito. (Neste aspecto, a filosofia está mais próxima da ciência do que as outras humanidades.) Boa parte do trabalho em filosofia consiste em certificarmo-nos de que compreendemos bem a posição de quem discordamos.

Podemos presumir que o nosso leitor é tolo (veja-se acima), mas não devemos tratar o filósofo ou as posições que estamos a discutir como tolas. Se o fossem, não estaríamos a discuti-las. Se não conseguimos ver nenhuma plausibilidade na posição que estamos a refutar, talvez não tenhamos muita experiência em pensar e argumentar sobre ela e ainda não compreendemos inteiramente por que motivos os seus proponentes a defendem. Procure esforçar-se um pouco mais para descobrir o que os motiva.

Nos nossos ensaios temos sempre de explicar qual é a perspectiva de “Heidegger” que queremos criticar, antes de fazê-lo. Se não o fizermos, o leitor não poderá julgar se a crítica que oferecemos a “Heidegger” é boa, ou se apenas se baseia em uma má interpretação ou má compreensão do ponto de vista de “Heidegger”. Assim, diga ao leitor o que acha que “Heidegger” afirma.

Contudo, não tente dizer ao leitor tudo que sabe sobre o ponto de vista de “Heidegger”. O pesquisador também tem de ter espaço para oferecer sua própria contribuição filosófica. Resuma apenas aquelas partes da posição de “Heidegger” que são relevantes para o que pretende fazer.

Às vezes precisamos de argumentar em defesa das nossas interpretações do que “Heidegger” diz, citando passagens que a confirmem. E é aceitável que queiramos discutir uma opinião que julgamos ser de um filósofo, ou que poderia ter sido, apesar de nos textos desse filósofo não haver nenhuma indicação directa desse ponto de vista. Quando fizermos isto, todavia, devemos explicitamente dizer que o fazemos. Diga algo como:
O filósofo “Heidegger”  não afirma explicitamente que “com a morte o homem torna-se nada”, mas parece que o presume porque a morte define o homem, pois põe ponto final a sua projectualidade”.

Citações

Quando uma passagem de um texto for particularmente útil para apoiar a sua interpretação do ponto de vista de algum filósofo, pode ajudar se citar directamente a passagem. (Especifique de onde retirou a passagem.) Todavia, as citações directas devem ser usadas com parcimónia. Raramente é necessário citar mais do que umas poucas frases. Frequentemente será mais apropriado parafrasear o que “Heidegger” diz, do que citá-lo directamente. Quando parafraseamos o que outra pessoa disse, temos de nos certificar que é claro que estamos a fazer isso (e também neste caso temos de citar as páginas onde se encontram as passagens que estamos a parafrasear).

As citações nunca devem ser usadas com um substituto da nossa própria explicação. Quando citamos um autor, temos de explicar o que a citação diz com as nossas próprias palavras. Se a passagem citada contém um argumento, temos de o reconstruir em termos mais explícitos e directos. Se a passagem citada contém uma afirmação ou pressuposto principal, temos de indicar qual é. Pode ser que queiramos usar exemplos para ilustrar a posição do autor. Por vezes, é necessário distinguir a opinião do autor de outras com as quais pode ser confundida.

 Paráfrases

Às vezes, quando os estudantes tentam explicar o ponto de vista de um filósofo, fazem-no através de paráfrases muito próximas às próprias palavras do filósofo. Mudam algumas palavras, omitem outras, mas geralmente ficam muito próximos do texto original. Por exemplo, Hume começa o seu Tratado Sobre o Entendimento Humano da seguinte forma:

“Todas as percepções da mente humana se dividem em dois tipos distintos, a que irei chamar impressões e ideias. A diferença entre eles consiste no grau de força e vivacidade com que afectam a mente e entram no nosso pensamento ou consciência. Àquelas percepções que entram com mais força e violência podemos chamar impressões; e sob este nome eu abranjo todas as nossas sensações, paixões e emoções, tal como primeiro surgem na alma. Por ideias entendo as imagens mais fracas destas impressões no pensamento e no raciocínio”.

Aqui está um exemplo de como não se deve parafrasear:
“Hume diz que todas as percepções da mente se dividem em dois tipos: impressões e ideias. A diferença está na intensidade da força ou vivacidade que têm nos nossos pensamentos e na nossa consciência. As percepções com maior força e violência são impressões: são as sensações, paixões e emoções. As ideias são imagens fracas de nosso pensamento e raciocínio”.

Há dois problemas principais com paráfrases deste tipo. Em primeiro lugar, são feitas mecanicamente. Não demonstram que o autor compreendeu o texto. Em segundo lugar, uma vez que o autor ainda não compreendeu bem o que o texto quer dizer de modo a expressá-lo pelas suas próprias palavras, há o risco de inadvertidamente alterar o significado original do texto. No exemplo acima, Hume diz que as impressões “afectam a mente” com mais força e vivacidade do que as ideias. Mas a paráfrase diz que as impressões têm mais força e vivacidade “nos nossos pensamentos”. Não é óbvio que isto seja a mesma coisa. Além disso, Hume diz que “as ideias são imagens fracas das impressões”; mas a paráfrase diz que “as ideias são imagens fracas do nosso pensamento”, o que não é a mesma coisa. Assim, o autor da paráfrase parece não ter compreendido o que Hume diz.

Um modo melhor de explicar o que Hume diz aqui seria o seguinte:

“Hume afirma que há dois tipos de ‘percepções’ ou estados mentais, a que chama impressões e ideias. Uma impressão é um estado mental muito ‘forte’, como a impressão sensorial que alguém tem ao olhar uma maçã vermelha. Uma ideia é um estado mental menos ‘forte’, como a ideia que se tem de uma maçã quando pensamos sobre ela sem a ver. Não é claro o que Hume quer dizer com ‘forte’. Pode querer dizer que...”

Antecipe objecções
Tente antecipar objecções ao seu ponto de vista e responda-lhes. Por exemplo, se você objectar contra a opinião de algum filósofo, não presuma que ele admitiria imediatamente que estava enganado. Imagine qual poderá ser a contra-objecção desse filósofo. E como poderá responder a essa contra-objecção?
Não tenha receio de mencionar objecções à sua própria tese. É melhor que nós mesmos apresentemos objecções do que pressupor que o leitor não vai pensar nelas. Explique como acha que estas objecções podem ser contraditas ou superadas. Certamente não é possível, com frequência, responder a todas as objecções que se possam levantar. Assim, concentre-se naquelas que parecem mais fortes ou mais importantes.

Exemplo nr 01
Descartes afirmara ser possível duvidar da existência de tudo. Todo o mundo e nossa apreensão dele poderiam ser uma ilusão — mas não posso duvidar de que estou pensando. Assim: “Penso, logo existo.” Apesar de sua aparente transparência, esse discernimento é obscurecido por sua própria gramática. O uso que Descartes faz da palavra “eu”* é introduzido pela natureza do verbo “pensar” e do verbo “ser”. Se realmente duvidamos de todas as coisas, concluímos de fato que o conceito “pensar” implica inevitavelmente o conceito “existir”. O “eu” desse pensar e o “eu” desse existir são meramente exigências da gramática.
Exemplo nr 02.
Para muitos que leram Heidegger não ficou instantaneamente claro de que “diabo de ser” ele estava falando. Felizmente o próprio Heidegger tinha consciência dessa dificuldade e da necessidade de tratar dela.
Para esclarecer seu pensamento nesse ponto, usa ou recorre a simples da vida metáfora rural. Que também confusionam a compressão, sobretudo porque tenta explicar usando numa linguagem totalmente nova.

Exemplo nr 03.
“Aqui, como em muitos lugares, Heidegger vai até o significado original das palavras. Ele se fia na acepção original delas para sustentar sua argumentação. Mas por que deveria o uso anterior, ou antigo, das palavras ser de algum modo superior ao moderno? Buscar o significado original das palavras, ou as ressonâncias de um significado anterior que elas contêm, não é garantia alguma de se chegar a uma verdade essencial. Heidegger está certo: enterrada nas palavras está a história de seu significado. Mas essa não é necessariamente uma história de deterioração ou ocultamento. Ao contrário, a história do uso de uma palavra — diferentemente da de seu significado verbal — é muitas vezes um registro de progresso rumo a uma imagem mais verdadeira do que realmente acontece. Os gregos ainda usam a palavra aletheia para “verdade”. Mas nem nós nem eles vemos a verdade como não-esquecimento (ou desvelamento). Por que não? Porque a verdade não tem nenhum vínculo necessário com a memória, não é originalmente descoberta dentro dela. Muitos dos conceitos de Heidegger padecem dessa abordagem defeituosa”. (Strathern, sine data:16)

Respostas ao problema levantado
Os nossos ensaios nem sempre têm de dar uma solução definitiva para um problema, ou uma resposta directa, do tipo sim ou não, para o problema levantado. Muitos ensaios excelentes de filosofia não oferecem respostas directas. Às vezes argumentam que o problema precisa de ser clarificado, ou que certos problemas adicionais precisam de ser levantados. Outras vezes, argumentam que certos pressupostos precisam de ser desafiados. Outras vezes, ainda, argumentam que certas respostas ao problema são fáceis demais, isto é, não funcionam. Assim, se estes ensaios estiverem correctos, o problema será de resolução muito mais complexa do que poderíamos ter pensado. Estes resultados são todos importantes e filosoficamente valiosos.

Portanto, não há problema em fazer perguntas e levantar problemas nos nossos ensaios, mesmo que não possamos dar respostas satisfatórias a todos. Podemos deixar algumas perguntas não respondidas no final do ensaio. (Mas temos de deixar claro para o leitor que algumas questões ficarão propositadamente sem resposta.) E devemos dizer algo sobre como a questão poderia ser respondida, e o que torna a questão interessante e relevante para o tema em causa.

Se alguma coisa na abordagem que estamos a investigar não ficou clara, não a devemos disfarçar. Pelo contrário, devemos chamar a atenção para a falta de clareza e sugerir diferentes formas de a compreender. Temos ainda de explicar por que razão ainda não se pode dizer quais destas interpretações é a correcta.

Se apresentamos duas opiniões e, após um exame cuidadoso, não conseguimos decidir entre elas, tudo bem. Não há problema em dizer que os pontos fortes e fracos destas opiniões têm igual força, mas note-se que isto também é uma afirmação que exige explicação e defesa ponderada, como qualquer outra. Devemos apresentar razões que a apoiem, mas estas razões têm de ser suficientemente boas para eventualmente persuadir quem não acha que as duas opiniões têm igual força.

Às vezes, ao escrever, descobrimos que os nossos argumentos não são tão bons como pareciam no início. Podemos ter encontrado uma objecção a um argumento a que não conseguimos dar uma boa resposta. Não é caso para entrar em pânico. Se há uma dificuldade com o nosso argumento que não conseguimos resolver, temos de tentar descobrir por que razão não podemos fazê-lo. Não há problema em mudar a nossa tese para outra que seja defensável. Por exemplo, ao invés de escrever um ensaio que apresenta uma defesa inteiramente sólida da perspectiva P, podemos mudar de ideias e escrever um ensaio que seja mais ou menos assim:

Segundo a perspectiva filosófica de (P)Heidegger de que o Ser seja Tempo. É  plausível, pelas seguintes razões...
“Os gregos definiam o ser como vigência do que está presente. A noção de vigência lembra a de actualidade, a actualidade é um momento do tempo, a definição do ser como vigência refere-se, pois, ao tempo”.
Todavia, há algumas razões para duvidar se será verdade a perspectiva filosófica de (P) Heidegger. Uma destas razões é que (x)… O ser não foi assumido como homem/Dasein como Heidegger queria. (x) o ser entendido como homem enquanto que era Divino, a Natureza para os gregos, isso levanta um problema de que Heidegger queria fundar uma religião sem Deus. Porque na sua ambição subtil toda sua filosofia é uma religião sem Deus cujo o centro de gravidade deve ser o homem.
Não esta clara como Heidegger pode superar esta objecção, pois subtilmente Ele trabalha com as variáveis de Nietzsche embora não declare, declarada essa ambição fica resolvido a verborragia dele contido no Ser e Tempo e outros escritos.   

Ou podemos escrever um ensaio da seguinte forma:
Um argumento a favor de “P” é o “Argumento da Conjunção”, que funciona como se segue...

À primeira vista, este argumento (Os gregos definiam o ser como vigência do que está presente. A noção de vigência lembra a de actualidade, a actualidade é um momento do tempo, a definição do ser como vigência refere-se, pois, ao tempo) é bastante atraente. Todavia, falha pelas seguintes razões...
Podemos tentar corrigir o argumento, da seguinte maneira...
Mas estas correcções não funcionam, porque...
Concluamos  que o Argumento da Conjunção na verdade não consegue estabelecer que P.

Escrever um ensaio desse tipo não significa que nos “rendemos” à posição contrária. Afinal, nenhum destes ensaios nos compromete com a perspectiva não-P. São apenas justificações honestas da dificuldade de se encontrar argumentos conclusivos a favor de (P). Mas pode ser que mesmo assim (P) seja verdade.




Reescreva e continue a reescrever

Depois de termos escrito um rascunho completo do nosso ensaio devemos deixá-lo de lado por um dia ou dois. Então, devemos retomá-lo e relê-lo. À medida que for lendo cada frase, diga a si mesmo coisas como:

“Esta afirmação realmente faz sentido?”
“Isto não está claro!”
“Isto é pretensioso.”
“O que quer isto dizer?”
“Qual é a conexão entre estas duas frases?”

E assim por diante.
Certifique-se que todas as frases do seu rascunho fazem falta e livre-se daquelas que não fazem falta. Se não consegue identificar a contribuição de uma frase qualquer para a sua discussão central, livre-se dela, ainda que pareça boa. Nunca devemos inserir questões a mais nos nossos ensaios, a menos que sejam importantes para o argumento principal e que haja espaço para explicá-las.
Se não estiver satisfeito com alguma frase, pergunte a si mesmo por que razão essa frase o incomoda. Pode ser que não tenha entendido bem o que está a tentar dizer, ou que não acredite realmente no que está a afirmar.

Temos de nos certificar de que nossas frases dizem exactamente o que queremos dizer. Por exemplo, suponha-se que escrevemos”
“O aborto é o mesmo que assassinato”.

É isso realmente o que pretendemos dizer? Então, quando Manuel Escurinho assassinou  Carlos Cardoso, ele estava a fazer o mesmo que a abortar Carlos Cardoso? Ou queremos dizer outra coisa qualquer? Talvez queiramos dizer que o aborto é uma forma de assassinato. Numa conversa, é razoável esperar que alguém entenda o que queiramos dizer, mas não deve escrever dessa maneira. Ainda que o nosso professor de filosofia consiga entender o que queremos dizer, está mal escrito. Na redacção filosófica, é preciso dizer exactamente o que se pretende.

Procure, ainda, prestar atenção à estrutura de seu esboço. Quando for revê-lo, é muito mais importante trabalhar na estrutura e clareza geral do trabalho do que ocupar-se em apagar uma frase ou palavra. Certifique-se de que seu leitor sabe qual é sua afirmação principal e quais são seus argumentos a favor dela. Temos de garantir que os nossos leitores são capazes de dizer qual é o ponto principal de cada parágrafo. Não basta que nós o saibamos. É preciso que seja óbvio para o leitor, mesmo para um leitor preguiçoso.

Se puder, mostre o rascunho do seu ensaio a amigos ou colegas de curso e recolha alguns argumentos e conselhos. Recomendo vivamente que o faça. Os seus amigos compreendem os seus pontos principais? Há trechos obscuros ou confusos para os outros no seu rascunho? Se os seus amigos não são capazes de compreender tudo que escreveu, o professor também não o será. Os seus parágrafos e seu argumento podem parecer perfeitamente claros para si e não fazer sentido para mais ninguém.

Outra maneira boa de verificar seu rascunho é lê-lo em voz alta, o que o ajudará a perceber se é coerente. Nós podemos saber o que queremos dizer, mas o que pretendemos dizer pode não estar realmente escrito. Ler o ensaio em voz alta ajuda-nos a perceber falhas no nosso raciocínio, digressões e trechos obscuros.


Questões Menores

Começar a escrever
Não comece com frases do tipo “Ao longo dos tempos, a humanidade tem reflectido sobre o problema do...”. Não há necessidade de aquecimento. Vá directo ao ponto, na primeira frase.

Não inicie igualmente o artigo com frases do tipo “O dicionário Aurélio define alma como...”. Os dicionários não são boas autoridades no campo da filosofia. Eles registam a maneira como as palavras são usadas no dia-a-dia, mas muitas destas palavras têm significados diferentes, especializados na filosofia.

Gramática
·         Não devemos evitar repetições, se para as evitarmos obscurecemos o texto. Falar de Aristóteles, e depois de “o estagirita” e depois de “o discípulo de Platão” só para não repetir o nome de Aristóteles em nada ajuda a compreender o texto.

  • Evite deselegâncias gramaticais que dificultam a compreensão, como frase passivas (“A doutrina da imortalidade da alma foi aceite por Platão desde muito cedo” é muito mais difícil de perceber do que a activa: “Desde muito cedo que Platão aceitou a doutrina da imortalidade da alma.”)

  • Podemos usar livremente a primeira pessoa nos nossos ensaios, sobretudo para marcar a diferença entre o relato do que dizem os outros filósofos e o que nós pensamos do que eles dizem. É mais claro dizer, “Julgo que o cogito de Descartes é uma falácia subtil” do que dizer “Julgamos que o cogito de Descartes é uma falácia subtil”.

  • Procure usar frases declarativas e afirmativas simples, evite perguntas de retórica, exageros e hipérboles. É mais claro dizer “Julgo que este argumento está errado.” do que dizer “Será que alguém pensa que este argumento está certo?”.

  • Procure usar claramente os conectivos lógicos da linguagem. É mais claro dizer “Se a vida não tem sentido, não há valores morais” do que dizer “Considerando que a vida não tem sentido, somos forçados a concluir por necessidade que a existência de valores morais tem de ser uma ilusão”, ou mesmo “se Deus não existe, então tudo é permitido” Domine o uso das conjunções (e), disjunções (ou), condicionais (se…, então…), negações (não) e condicionais (…se, e só se,…). Domine também o uso dos quantificadores (todos, alguns, pelo menos um, um e um só, etc.).

Leituras secundárias
Na maioria das disciplinas, há leituras complementares. Trata-se de leituras opcionais, e devem ser fruto de estudo independente.

Não precisamos de usar estas leituras complementares quando estamos a redigir um ensaio. O objectivo do ensaio é ensinar o estudante a analisar um argumento filosófico e a apresentar os seus próprios argumentos a favor ou contra uma dada conclusão. Os argumentos que estudamos nas aulas são, por si, suficientemente complexos para merecer toda a atenção do estudante.

Observações técnicas
Procure manter-se dentro do limite de número de palavras; nem mais, nem menos. Ensaios muito longos são tipicamente demasiado ambiciosos, ou repetitivos, ou cheios de digressões. A classificação dos estudantes sofrerá negativamente se os ensaios tiverem qualquer um destes defeitos. Por isso, é importante perguntar a si mesmo quais são as coisas mais importantes que tem de dizer, e o que pode ser deixado de fora.

Mas o seu ensaio também não deve ser demasiado curto! Não corte abruptamente um argumento. Se o tópico que escolheu levanta certos problemas, assegure-se de que lhes responde.

Use espaço de 1.5, numere as páginas e inclua margens segundo as exigências informáticas, não as altere. Um ensaio académico não deve, ter fotografias com cores, etc.; deve valer pela sofisticação do conteúdo e pela sobriedade da apresentação.


Conclusão

Não existe um modelo único para projectos de pesquisa em filosofia, devido à diversidade de tipos de pesquisas e interesses. Porém, é possível e necessário que se estabeleçam alguns pontos que servem de percurso para a pesquisa, considerando que este deve ser flexível e adaptado a especificidade da pesquisa, as suas finalidades.
O modelo aqui apresentado, foi elaborado pensando na pesquisa em filosofia. Com todos os limites que isto significa, por isso não damos por terminado. Mas duro que isso não é ficar consciente deste facto, é estar ciente que escrever em filosofia como também em outras áreas não é fácil. Por isso, precisamos de disciplina para escrever, examinar o escrito cuidadosamente, revê-lo e reescrevê-lo antes de chegar a mesa de avaliação ou nas mãos dos nossos leitores.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AULETE Caldas (1958), Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa, 4ª edição, Rio de Janeiro: Delta, 5Vl.
FACHIN. O. (2003), Fundamentos de Metodologia. São Paulo: Saraiva.
FURASTÉ, Pedro A. (2005), Normas Técnicas para o Trabalho Científico, 14 ed. Porto Alegre: s/n.
GIL, A. C. Como elaborar projectos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
HEGENBERG, Leónidas. (1969), Explicações Cientificas: introdução a filosofia da ciência, São Paulo: ed. Herder/Edusp,
LAKATOS, M. (1990), Técnicas de Pesquisa. São Paulo: Atlas.
LIMA. M. C. (2004), Monografia: engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva.
MARIA Sónia; DE SOUSA Ribeiro. (1995), Um outro olhar: Filosofia. Ed. F.T.D, São Paulo.
STRATHERN Paul, Heidegger em 90 minutos, Ed. Zahar, Rio de Janeiro, sine data.(Trad.Maria Luiza X. de A. Borges )
Endereços de internet:
PRYOR James, Como Ler um Texto Filosófico. Disponível em www.filedu.com 07 de Março de 2014, 7:00hr
MADEIRA Hélder, Conhecimento científico ou migalhas científicas: uma reflexão epistemológica! Disponível em www.helmadeira.blogspot.com, Janeiro de 2012.
Problema, disponível em http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met05.htm - acesso em Agosto de 2006:
O Projecto de Pesquisa. Disponível em: www.pedagogiaemfoco. Acessado em Agosto de 2005.

Enciclopédia:
ENCICLOPÉDIA MICROSOFT ENCARTA (1993-2001) Microsoft Corporation.

Artigos e manuais:
CUAMBE Catarina, (2012), Aspectos a observar para a elaboração da tese: Indicações Metodológicas Para Trabalhos De Tese Em Filosofia E Ética, ISMMA-Maputo
MATUSSE Olívia Maria (2013), Manual de metodologia de Investigação Científica: Para a Elaboração de Monografias Escolares e Outros Tipos de Pesquisas Científicas, ISMMA-Maputo

Notas pessoais das aulas de:
MAZULA, PhD Brazão, Ética e Política, USTM, 2012.
CASTIANO, PhD José, Filosofia Africana, USTM 2012
NGOENHA, PhD SEVERINO ELIAS, Dissertation of Independent Reserch Project PHL 541 USTM
 2013.


[1] Martin Heidegger, .Entrevista concedida por Martin Heidegger ao Professor Richard Wisser., in: O que nos faz pensar. Homenagem a Martin Heidegger por ocasião do vigésimo aniversário de sua morte, Cadernos do Departamento de Filosofia da PUC-RIO, out. 1996, n. 10, vol. 1, p. 15-16)